Nascido na França, Élisée Reclus é
reconhecido na história como um geógrafo radical. Viveu de 1830 a 1905.
Participou
ativamente da Comuna de Paris em 1871.
Preso por suas ideias e ações, foi deportado
para Nova Caledônia (espécie de fim de mundo para a época) sendo sua pena
comutada posteriormente para dez anos de banimento.
A partir de 1894, instalou-se em Bruxelas
onde, sob sua impulsão, foi criada a Universidade Nova, bem como o Instituto
de Altos Estudos, no qual lecionou.
Participou ainda de inúmeros jornais, revistas
e brochuras. Mas é sobretudo o autor das extraordinárias obras de
geopolítica “Nova Geografia Universal: a Terra e os Homens (19 volumes) e “O
Homem e a Terra”(6 volumes), nas quais analisa a relação do homem com seu
meio.
Os trechos que seguem são fragmentos
do discurso proferido por Reclus na sessão solene do início do ano
acadêmico da Universidade Nova de Bruxelas no ano de 1895:
“Cabe a vós escolher,
pois tendes a consciência de vossa responsabilidade; cabe a vós decidir como
utilizareis o ensinamento de vossos professores e amigos, seja para amontoar
em vossa memória palavras que logo esquecereis, seja para trazer convosco
esse mundo de conhecimento que cresce incessantemente e do qual novo fato
desperta um entusiasmo sempre inovador. [...] Vivificar a ciência pela
bondade, animá-la com amor constante pelo bem público, tal é o único meio de
torná-la produtora da felicidade, não só pelas descobertas que aumentam
riquezas de todos os tipos e por aquelas que poderiam suavizar o trabalho do
homem, mas, sobretudo pelos sentimentos de solidariedade que ela evoca entre
aqueles que estudam e pelas alegrias que todo progresso suscita na
compreensão das coisas. Essa felicidade é uma felicidade ativa: não é a
egoísta satisfação de conservar o espírito em repouso, sem perturbações nem
rancores; ao contrário, ela consiste no exercício árduo e contínuo do
pensamento, no gozo da luta que o apoio mútuo torna triunfante, na
consciência de uma força constantemente empregada. A felicidade à qual a
ciência nos convida é, pois, uma felicidade que devemos trabalhar para
conquistar todos os dias.
[...] A reivindicação do pensamento livre foi a própria origem de nossa
existência como grupo de ensino; ela também será constantemente a condição
de vida e prosperidade. Uma chama livre, de brilho sem dúvida modesto, mas
aberta e viva, arde sobre o altar que erguemos com nossas mãos; esse alegre
flamejamento é por nós mantido com um zelo ímpar, pois é nele que vemos
radiar nossa alma coletiva. [...] Vários de nós já quase concluíram suas
vidas; os jovens que vêm a nós mal a começaram, e devemos ajudá-los a viver
nobremente. [...] Milhares de jovens, eles sabem disso, buscam simplificar
seu trabalho decorando as fórmulas de seus manuais, mastigando e
remastigando frases expectoradas antes deles por professores célebres,
amontoando no cérebro secas definições, sem cor e sem vida, como aquelas de
um dicionário. Mas não é isso o que esperamos de um estudante digno desse
belo nome. Ao contrário, nós o prevenimos vivamente contra todos os
formulários e os manuais que tiram vontade de ler livros e mais ainda o
desejo da natureza; dizendo-lhes para desconfiar dos programas que limitam a
inteligência, dos questionários que ancilosam, dos compêndios que a
empobrecem, e aconselhamo-los a estudar diretamente com todo o entusiasmo da
descoberta. [...] Sua grande preocupação será não parecer saber, mas saber”.
Anselmo
Postado pelo Prof.Tarcísio
Vanderlinde em 20/03/2014
Considerações:
1 - Que os jovens estudantes conheçam quem foi
Elisée Reclus;
2 - Que os estudantes não se limitem a ser 'decorébas';
e
3 - Que cada estudante mantenha a dignidade de
ser "estudante" e procure efetivamente SABER!