O professor Tarcisio Vanderlinde, nobre
articulista que enriquece esta página, nos propiciou o artigo abaixo, dia
11, mas acabou por não ser publicado na data.
Desculpe-nos Prof.Tarcisio!
Mas como acreditamos que Deus escreveu a
retirada de Neymar, estrategicamente, da Seleção, acreditamos que a
publicação deste escrito 1 semana depois, deve ter um motivo desconhecido.
Deliciem-se!
Todos
que se envolvem com algum tipo de jogo sabem que podem perder.
No caso de um jogo de futebol, mesmo perdendo, espera-se que o adversário
lute com brio até o fim. Não parece ter sido isto o que a maioria dos
brasileiros percebeu no jogo que tirou do Brasil a possibilidade de disputar
a final da Copa do Mundo de 2014 em casa.
A derrota humilhante que constrangeu até o adversário será lembrada por
gerações. Felipão assumiu a responsabilidade, mas parece que não foi
suficiente. Fica a sensação de que fomos tapeados.
Costuma-se dizer que Deus é brasileiro e que futebol, além de ser paixão, é
também uma religião.
Contudo, parecem ter sido condições muito humanas que levaram a este
inesperado apagão no futebol brasileiro.
Após o jogo, um dos jornalistas
perguntou a Felipão se não seria hora de o Brasil reinventar a forma de
jogar.
Pode ser, mas talvez fosse também necessário parar de sonhar com glórias
passadas além de entender que o desgastado conceito de patriotismo pode não
mais combinar com um futebol que se profissionalizou excessivamente.
O episódio da seleção de Gana, que se recusou a jogar sem antes receber o
prêmio, nos faz refletir sobre o futuro dos mundiais.
De tempos em tempos a nação
brasileira se descobre representada por jogadores que na maior parte do
tempo passam distantes dela se envolvendo com outras prioridades.
Resisti em colocar meus palpites
nesta coluna. Vinha acompanhando alguns palpiteiros que se arriscaram mais
do que eu. Contudo, foi possível perceber num clima velado de desconfiança
de que a coisa poderia não acabar bem. Não dava para ir até o fim confiando
mais na sorte do que na atitude. Mas sob esta ótica de análise já existem
muitos especialistas. Então vou mudar o foco.
A
questão agora é saber se o resultado da Copa vai ou não interferir nas
eleições. Eu digo que não.
E no caso específico da candidata Dilma, o palavrão que foi dirigido a ela
na abertura da Copa e com reincidências posteriores, vai acabar lhe rendendo
votos.
Uma pesquisa de opinião revelou que quase 80% dos brasileiros não aprovou
a atitude daqueles que constrangeram a presidenta escondidos no anonimato da
multidão.
Independente de votar nela ou não, ali ela era a presidenta do Brasil
e precisaria ser respeitada.
Não pegou bem para nós brasileiros diante do mundo.
O
paradoxo ainda se acentua quando se mistura o palavrão com o hino nacional.
A Rede Globo, hegemônica nas transmissões dos jogos, fez drama em cima do
choro da criança que não pode ver o Brasil campeão.
Fico imaginando as lições que as crianças presentes na torcida aprendem com
a linguagem que segundo os mais entendidos, é própria do ambiente de
estádios de futebol.
Sendo assim, gostaria de sugerir que todos aqueles
que entraram na ola para destratar a presidenta, sigam o exemplo
de Felipão e encaminhem dois pedidos de desculpas.
O
primeiro, numa atitude de pessoa
civilizada, para a presidenta, como retratação.
O
segundo para as crianças que
testemunharam o mau exemplo.
Que
as crianças brasileiras que choraram nos estádios e diante dos televisores,
possam retirar lições positivas da frustração e da tristeza pelo Brasil não
ter chegado lá. Mas que elas possam também, ser
no futuro, cidadãos melhores do que nós adultos somos hoje.
Autoria:
Tarcisio Vanderlinde
Publicado em 18/07/2014