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Humor decadente

Regularmente somos brindados com textos de colaboradores.

O Professor Tarcísio Vanderlinde, que é de uma sapiência singular, volta e meia comparece.

E nós disponibilizamos o artigo para que você e os de seu relacionamento tenham acesso a ele.


Humor decadente

 

Quem o faz pode se achar o máximo. Quem o curte pode considerar que aquele tipo de piada traduz todo universo daqueles que são pagos para fazer as pessoas rirem. Por muito tempo o riso não foi considerado uma prática saudável. Contudo, estudos mais recentes mostram que rir, manter o bom humor, pode trazer muitos benefícios para a saúde. O problema está na forma como as pessoas são estimuladas a rir. A piada saudável está em falta. Um estudo compartilhado pela “Revista Caros Amigos” (Janeiro de 2013), fundamentado em depoimentos de comediantes, escritores e especialistas no ambiente do riso, chegou a algumas conclusões que instigam reflexões: não se encontram produções críticas sobre o humor feitas no Brasil. Estaríamos infantilizados culturalmente, daí o enorme sucesso de tantos programas de humor de baixo nível.

Um tipo de humor muito presente nas “pegadinhas” é o “humor de insulto” em que o máximo que se consegue fazer é ofender as pessoas. A conclusão do estudo, é que piadas deste tipo não são engraçadas, uma vez que não questionam o sistema, nem as instituições. Comediantes famosos não costumam fazer piadinhas que envolvem seus patrocinadores, por isso é que não se ouvem muitas piadas sobre os péssimos serviços telefônicos ou a fila dos bancos. A propósito, o “trote telefônico”, gênero de fazer rir apreciado por uns e odiado por outros é um meio corriqueiro utilizado por companhias telefônicas para se relacionar com os clientes. E não tem nada de engraçado.

O humor quase sempre se reveste de conteúdo disfarçado e é por isso que a expressão “foi só uma piada” deixa sempre algo no ar. O estudo revela que as piadas não têm apenas um fundo de verdade, elas seriam a verdade com um nariz de palhaço. Quando se faz piada se constrói e se compartilha ideias, e por ser um discurso, o humor também é ideológico, expressa opiniões e visões sobre o mundo. Neste sentido o humor não é sempre libertário e pode muitas vezes compactuar com o que há de pior na sociedade, com preconceitos arraigados.

Temas relacionados aos negros, mulheres, homossexuais, deficientes entre outros, continuam sendo preferência no humor decadente. O estudo aponta que o tratamento dado pelo humor brasileiro a esses grupos, muitas vezes não os aproxima de sua humanidade. São inúmeros exemplos de que na TV, o deboche em cima de estereótipos se dá, em grande parte, reforçando preconceitos. Comediantes que se dedicam a estas temáticas têm reclamado da falta de liberdade diante da pressão de minorias que ao sentirem-se ofendidas vão buscar ressarcimento moral nos tribunais. O grupo da baixaria tem alegado estar sofrendo de censura e patrulhamento ideológico. Parece mesmo difícil conciliar liberdade de expressão com o exercício da boçalidade.

A partir do momento em que o humor decadente passa a ser identificado e menos aceito, é compreensível a reação daqueles que querem continuar fazendo as velhas piadas. O estudo é enfático ao observar que essa reação, que até se diz libertária, na medida em que combate a suposta ditadura do “politicamente correto”, estaria de fato reagindo contra a perda de uma liberdade: a liberdade de um grupo historicamente dominante de oprimir, pela via do humor, os outros grupos sociais: a liberdade de alguns em limitar a liberdade e o direito dos outros. Uma liberdade que, no fim das contas, não passa de um privilégio.

 

Postado em 08/02/2013

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