Quem tem o
hábito de navegar por nosso sítio, sabe por qual motivo os artigos do professor Tarcisio Vanderlinde, docente da Unioeste,
merecem espaço. Sua sensibilidade e a delicadeza em retratar vivências
surpreende qualquer leitor.
Obrigado Professor! Nos ufanamos em poder receber seu artigo!
No ano de 1966 o escritor
brasileiro Érico Veríssimo e esposa visitaram a Terra Santa. Se hospedaram
em alguns Kibbutzim, passaram pela Galileia, deserto da Judeia e subiram, a
pé, a Fortaleza de Massada às margens do Mar Morto. Parte de Jerusalém onde
se situa o Muro das Lamentações, naquele momento estava sob controle da
Jordânia. Observar, só de longe. Da expedição, Veríssimo publicou o livro
“Israel em Abril” onde narra as experiências vividas durante a viagem.
Quase cinquenta anos depois,
muita coisa mudou, outras nem tanto. O Estado de Israel parece ter um curso
irreversível, mas há muita coisa ainda a ser resolvida. Veríssimo já havia
observado que questões religiosas em Israel tendem a misturar-se com
política e economia.
Durante
o mês de maio de 2014, com um grupo de amigos, tivemos a oportunidade de
visitar Israel após passar pelo Egito e Jordânia. É preciso admitir que o
impacto da experiência cria alguma dificuldade por iniciar um relato.
Cruzamos o Sinai por terra e entramos pela fronteira sul de Israel (está
complicado ali agora). Atravessamos a fronteira a pé, rebocando a bagagem em
meio a uma grossa camada de pó sob o Charquia: vento quente e seco que
naquele momento soprava do deserto da Arábia.
Israel é hoje um país
secularizado com área territorial que se equipara ao Estado de Sergipe. Do
extremo sul ao norte são aproximadamente 450 quilômetros. As marcas
religiosas da milenar história daquele país podem ser visualizadas em toda
parte do território e para além dele, como é o caso do Egito e Jordânia,
países com os quais Israel mantém atualmente tratados de paz.
Israel conta com
aproximadamente oito milhões de habitantes. Além dos judeus inclui dois
milhões de habitantes entre árabes e outras minorias étnicas. As placas de
sinalização nas rodovias em lugares históricos indicam os idiomas
predominantemente ali falados: hebraico, árabe e inglês.
Entre as diversas imagens que
nos vêm como lembrança da viagem, destaca-se uma pouco conhecida e, que pode
ser curtida na cidade de Jope, antigo porto marítimo no Mediterrâneo. Alí,
caminhando pelas ruelas reconstruídas da antiga cidade, de repente se é
surpreendido por uma árvore suspensa. Trata-se de um arbusto que
cresce num vaso em forma de ovo e que se encontra suspensa por cabos a
paredes laterais. A árvore lembra os quase dois mil anos de diáspora nos
quais os judeus foram dispersos pelo mundo ficando “suspensos”, na condição
de população sem território.
A dolorosa reterritorialização iniciou formalmente com a criação do Estado
de Israel pela ONU em 1948, embora já existissem muitos judeus morando por
lá antes daquela data. O ato da ONU não impediu diversas guerras e conflitos
com os vizinhos e parte da população árabe que também já habitava o mesmo
espaço.
Territórios e territorialidades
em clima de tensão estão em construção num lugar que muitos reconhecem como
o principal palco da história da humanidade. Ao lado da imagem da árvore
suspensa, um permanente clima de suspense. É sintomática, a ameaça atual de
uma nova intifada.
Ao avaliar o impacto ocasionado
pela viagem há quase meio século, Veríssimo escreveu: “Israel é talvez a
mais fascinante e admirável experiência humana de nosso tempo”.
Evidentemente, esta pode não ser uma conclusão consensual. Quase sempre
parciais, cada viajante tira suas próprias conclusões ao visitar
aquela terra disputada por milênios.
Autoria:
Tarcisio Vanderlinde
Imagem fornecida pelo autor
Publicado em 12/11/2015
Considerações:
Enquanto você pensa sobre o simbolismo
da árvore suspensa, por analogia querendo lembrar a diáspora, ou
suspensão dos direitos dos judeus, sobre um território, pode também
lembrar da possível nova Intifada a que se refere o autor. O que foi
a Primeira Intifada? O
Wikipédia
responde.
Quando os judeus foram dispersos pelo
mundo, eles não pararam para mendigar, mas agiram à sua maneira.
Observe o que aconteceu em países onde prosperaram "à sua maneira",
e no que resultou.
Meus antepassados viveram no
continente europeu até depois da Primeira Grande Guerra e sabem no
que resultou a economia de países de algumas regiões da Europa.
A iminência de uma nova Intifada,
poderá nem inquietar a população mundial, pois o comodismo, a
inércia para com atrocidades e a falta de julgamentos severos,
permitem tais comportamentos.
Quando quem julga não tem autoridade,
só penalizará os derrotados. Conheça os registros da história e
entenderá o que aconteceu.
Edvino Borkenhagen |
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Complementado em 12/11/2015
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