Em época de
bombardeio contra pessoas ocupantes de cargos eletivos, seja no município,
estado ou nação, principalmente a nível federal, recebemos um artigo que
trata do um político antigo que pode servir de exemplo para muitos da
atualidade.
Obrigado Professor! O momento é realmente oportuno para o artigo!
Há alguns meses fui conduzido
pelo escritor Wolfgang Bühne em uma “visita” a Jerusalém nos dias do rei
Ezequias. Ezequias reinou em Judá de 715 a 687 a.C. Em sua época, Samaria
(Reino do Norte), já havia sido destruída por inimigos. Judá estava
enfraquecida, e a Assíria representava o poder dominante na região.
Temendo
invasões dos assírios, o que efetivamente iria ocorrer sob o reinado de
Senaqueribe, Ezequias fortaleceu as muralhas de Jerusalém e executou uma
obra que ainda pode ser observada hoje pelos visitantes: o túnel de Ezequias.
A obra garantiu fornecimento de água permanente a Jerusalém quando a cidade
se encontrava sob cerco dos assírios e ainda leva água para Jerusalém nos
dias atuais. O túnel foi construído para captar água da fonte de Gion no
Vale do Cedron, próximo ao Monte das Oliveiras.
Os esforços de Ezequias para proteger Jerusalém e prepará-la contra
cercos prolongados foram comprovados em inúmeras descobertas arqueológicas.
Ao lado disso, tratou de purificar o Templo e restituiu celebrações
religiosas há tempo abandonadas. Seu período foi marcado por um grande
avivamento espiritual. Ao clamar a Deus pela cura de
uma doença que o colocou em situação terminal, obteve mais 15 anos
de vida. Além disso, livrou-se miraculosamente do poderoso exército de
Senaqueribe, o rei assírio que havia sitiado Jerusalém.
Ezequias legou um testemunho de vida muito importante a ser lembrado por
estes dias. A arrogância, o cinismo, atributos que normalmente cercam os
poderosos é substituída em Ezequias por um homem que chora, falha, se
humilha e confia em Deus. Sua morte acabou deixando um vácuo na população
sobre a qual reinava. Em uma das crônicas que descreve seu funeral se
observa: “Descansou Ezequias com seus pais, e o sepultaram na subida para os
sepulcros dos filhos de Davi; e todo o Judá e os habitantes de Jerusalém lhe
prestaram honras na sua morte”.
As narrativas revelam em Ezequias um
político de exceção, íntegro, incorruptível,
ruptura de um padrão estabelecido há décadas.
Políticos de exceção costumam ser requeridos em todas as épocas. Nem
sempre estão disponíveis. Ao final da Idade Média,
Martinho Lutero costumava chamar os políticos honestos de “aves raras”.
Vive-se atualmente
com carência de políticos de exceção no país. Não é nada
motivador imaginar o que a arqueologia revelará às futuras gerações sobre a
conduta de políticos brasileiros das regras gerais.
Ezequias foi contemporâneo do profeta Isaías, que também havia convivido com
seu pai e seu avô. Sua conduta pode ser conferida em três livros do Antigo
Testamento: 2Reis, 2Crônicas e Isaías.
Por outro lado, a experiência de vida de Ezequias confirma a tese de que
podemos aprender muito com nossos próprios erros.
Um aprendizado que pode se tornar mais intenso ao nos aproximarmos de Canaã,
e constatar que já não nos resta muito tempo de caminhada até a chegada
(Fonte: BÜHME, Wolfgang. Ezequias: o homem que confiava em Deus. Porto
Alegre: Actual, 2014, 168 p.).
Autoria:
Tarcisio Vanderlinde
Imagem fornecida pelo autor
Publicado em 12/11/2015
Observação:
A foto é do grupo de brasileiros (dentre eles
o prof.Tarcísio) que visitou a Terra Santa, em frente ao Pilar de Absalão.
O monumento fica no Vale do Cedron,
ambiente onde foi feita a captação de água para os habitantes de
Jerusalém nos dias de Ezequias.
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