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Perito Moreno - A emoção do desconhecido

Pessoas viajam a serviço, pessoas viajam a passeio, pessoas viajam por uma missão, pessoas viajam por um ideal, pessoas simplesmente viajam, porque viajar é aprender. Para o Professor Tarcísio Vanderlinde, Perito Moreno é aprendizado. Para nós, também, depois da 'aula' que nos propicia.


O sentimento pode ser o de um menino, ao passar pela experiência de navegar pelo Lago Argentino diante da mega geleira Perito Moreno. Fica-se com dúvida sobre o momento em que se deve tirar a última foto. O ambiente é impactante. O “rio de gelo” formado pela neve compactada chega ao lago formando cinco quilômetros de largura e apresenta paredões que podem ter 60 metros de altura. Perito Moreno está entre os glaciares mais famosos do mundo e se estende do campo de gelo Patagônico Sul, que perde em extensão apenas para os campos de gelo da Antártica e da Groenlândia.

Diversos glaciares se formam neste campo e se distribuem pelos territórios do Chile e da Argentina. O campo de gelo Patagônico Sul é considerado uma das reservas de água doce mais importantes do planeta. Informações levantadas no local afirmam ser Perito Moreno o único glaciar ainda estável do planeta.

Com seu avanço sobre uma área rochosa, a geleira cerca um dos braços do Lago Argentino ocasionando um desnível da água que pode chegar a 30 metros. Em intervalos de tempos irregulares, a pressão ocasionada pelo desnível induz ao rompimento do dique de gelo levando ao nivelamento do lago e fazendo com que o processo se reinicie. O último rompimento ocorreu no ano de 2008. No momento da visita (janeiro de 2016) foi possível perceber que o desnível entre as duas lâminas de água já se acentuava.

O nome da geleira é uma homenagem ao cientista argentino Francisco Pascasio Moreno (1852-1919). Francisco navegou pelo Lago Argentino, viajou a pé e a cavalo pela região fazendo pesquisas, e criou argumentos geográficos que foram decisivos para estabelecer as fronteiras territoriais entre Argentina e Chile. Se transformou num “perito” em questões de fronteiras além de outras especialidades que dominava.

Desde criança, Francisco havia mostrado interesse por excursões paleontológicas, donde desenvolveu a paixão pela natureza. Tinha predileção em sentir a emoção do desconhecido. Alternava seus estudos com excursões pelas barrancas de rio procurando fósseis pré-históricos. Estimulado pela leitura de livros de viagens, se interessou por paleontologia e pela arqueologia. Coube a ele “batizar” a grande lâmina de água que encontrou na Patagônia, de Lago Argentino

No museu de Calafate, cidade próxima ao glaciar visitado, há um monumento em bronze representado o explorador cientista e seu cavalo. Ao lado, uma inscrição que enaltece seus feitos e o coloca como um paradigma a ser seguido pelas gerações futuras.

Contudo, Francisco parece não ter mirado apenas os estudos e a natureza. Em suas andanças percebeu a situação social de grupos étnicos precarizados que ia encontrando pelo caminho. Eram etnias locais escravizadas, despojadas de suas terras ancestrais. Diante da situação, interferiu nas relações entre o Estado argentino e os indígenas exigindo terras e escolas para elas. Protestou ainda contra os métodos que haviam sido empregados para "civilizá-las".

Francisco viveu fazendo o que apreciava e o que achava correto. Contemplou muitos glaciares em suas andanças e pesquisas pela Patagônia. Ironicamente não conheceu a geleira mais majestosa: aquela que hoje leva seu nome.
 

Autoria: Tarcisio Vanderlinde

Imagens fornecidas pelo autor

Publicado em 20/03/2016


 

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