Você pode ter tomado conhecimento do que ocorreu na posse de Marta
Suplicy, no Ministério da Cultura, em 13 de setembro de 2012.
Durante o discurso de posse ela pediu a aprovação do projeto que
cria o Vale-Cultura.
Poderão aderir as empresas tributadas pelo lucro real.
É possível que a partir de agosto/2013 já haja empresas que se
utilizarão do Vale-Cultura para preservar seus bons empregados.
Veja a matéria tal qual foi publicada pela
Agência Brasil.
A presidenta Dilma Rousseff sancionou
(em 27/12) o projeto de lei que cria o Vale-Cultura, no
valor de R$ 50 por mês, para trabalhadores que recebem até cinco
salários mínimos. O projeto depende ainda de regulamentação e
deve entrar em vigor no segundo semestre de 2013.
O
anúncio foi feito pela ministra da Cultura, Marta Suplicy.
A ministra lembrou que a iniciativa do
governo Lula de criar o Bolsa Família teve como objetivo acabar com
a fome e a miséria e disse que Dilma, agora, com o Vale-Cultura,
”dá o alimento para a alma”. Segundo a ministra, “existe uma
enorme sede de conhecimento”.
As empresas que aderirem ao programa
terão isenção de impostos de R$ 45 por vale doado e o trabalhador
contribuirá com R$ 5. “Temos cerca de 17 milhões de trabalhadores
que ganham até cinco salários mínimos, mas trabalhamos com muito
menos [adesões]. Devagarzinho, paulatinamente, como foi com a Lei
Rouanet e o tíquete alimentação.”
Segundo
a ministra, a estimativa é que o governo deixe de arrecadar R$ 500
milhões [renúncia fiscal] se o Vale-Cultura entrar em vigor em
agosto. “Depois, haverá um aumento [no número de adesões]. Vai
depender da adesão das empresas e do interesse do trabalhador”,
explicou.
O
Vale-Cultura é cumulativo e
poderá ser usado para comprar livros, ingressos de teatro, de
cinema, de espetáculos de dança, disse a ministra. “O
trabalhador pode escolher onde quer consumir."
Marta esclareceu que
o Vale-Cultura não é obrigatório nem para
as empresas, nem para os trabalhadores, mas acredita que
haverá uma grande adesão. As empresas poderão usar até 1% do
rendimento bruto para concessão do benefício.
Iolando Lourenço - Repórter da Agência
Brasil
Edição: Tereza Barbosa
Publicado em 29/12/2012 - 09:10h
A mãe que alimenta as
almas do Brasil
Em 04/01/2013, o jornal Le Monde, de
Paris, destaca projetos de Marta Suplicy para distribuir cultura.
"A
mãe que alimenta as almas do Brasil" é o título do perfil da
ministra brasileira da Cultura, Marta Suplicy, publicado pelo Le
Monde. O jornal relembra sua trajetória desde a entrada no PT, em
1983, até seus últimos passos no Ministério, como a aprovação do
Vale Cultura, bônus de R$ 50 mensais para o consumo cultural,
oferecido aos 17 milhões de brasileiros que ganham menos de cinco
salários mínimos. O jornal passa também pela criação dos CEUs quando
Marta dirigiu a cidade de São Paulo e sua atuação na recente
campanha de Fernando Haddad para a prefeitura da cidade.
"O
Brasil não deve ser sinônimo de praia, violência e mulatas peladas",
diz a ministra à repórter Véronique Mortaigne. "Ele
tem a oferecer sua alegria, sua capacidade de harmonia e sua
diversidade, apesar da pobreza".
Marta está na Europa, mas com a cabeça
e os pés no Brasil.
Marta gostaria de reformar tudo
de uma vez, inclusive a lei Rouanet, que autoriza até 100% de
isenção fiscal para o "mecenato cultural". Ela reconhece que uma
mudança radical está fora da pauta: "Os próprios artistas defendem
(o modelo da lei). No entanto, nós exigiremos uma melhor
distribuição - as sedes sociais das empresas ficam no sul do país.
Consequentemente as regiões mais necessitadas são lesadas",
afirma a ministra. "O Nordeste, apesar de riquíssimo culturalmente,
recebe apenas 1,6% dos investimentos da lei Rouanet".
No Brasil já sem fome e com nítidos
progressos sociais alcançados pela gestão do petista Lula, é hora de
dar um passo além:
"Lula
cortou o ciclo da pobreza. Dilma Rousseff deseja que a cultura seja
o alimento das almas".
Daí o título do artigo.
A gente não quer só
comida
A Folha publicou editorial sob o
título "Vale-populismo", em 10/01, crítico do Vale-Cultura (VC).
Chama de "populismo" e promoção pessoal e eleitoreira projeto de lei
que buscava aprovação desde 2009. Com a regulamentação do VC,
empresas poderão passar R$ 50 a seus empregados que recebam
prioritariamente até cinco salários mínimos (R$ 3.390) para gastarem
em cultura.
OPINIÃO
O Brasil nos últimos anos, com
Lula e agora Dilma, tem dado passos gigantescos para acabar com a
miséria. Não preciso citar os números dos que hoje comem nem dos
que hoje entraram na classe média. O Bolsa Família, trucidado pela
oposição, hoje é comprovadamente um instrumento de erradicação da
pobreza.
O Vale-Cultura pode, sim, ser o
"alimento da alma". Por que não? Pela primeira vez o
trabalhador terá um dinheiro que poderá gastar no consumo cultural:
sejam livros, cinema, DVDs, teatro, museus, shows, revistas...
Lembro que, quando fizemos os CEUs
(Centro Educacional Unificado), na pesquisa (2004) realizada
no primeiro deles, na zona leste, 100% dos entrevistados nunca
tinham entrado num teatro e 86%, num cinema. Quando Denise Stoklos
fez seu espetáculo de mímica, a plateia se remexia inquieta até
entender a linguagem e não se ouvir uma mosca no teatro, fascinado.
Fomento ao teatro, aquisição de
conhecimento e bagagem cultural! Não foi à toa que Fernanda
Montenegro ficou pasma com a plateia dos CEUs. Essas pessoas, se
tiverem criado gosto, finalmente poderão usufruir e escolher mais do
que hoje podem. E os que não têm CEU têm televisão e conhecem o que
é oferecido para determinado público. Sabem também o que aparece no
bairro. E sabem que não podem ir.
Existe toda uma multidão de
brasileiros (17 milhões) que hoje ganha até cinco salários mínimos
(R$ 3.390) que potencialmente poderão, além de comer, alimentar o
espírito. Este é um projeto de lei que toca duas pontas: o cidadão
que vai consumir e o produtor cultural que terá mais público para
sua oferta.
Quando chegarmos nesse potencial,
serão R$ 7 bilhões injetados na cultura. Nossa previsão é atingir R$
500 milhões neste ano.
Em 2008, o Ibope
realizou pesquisa sobre indicadores de cultura no Brasil e
mostrou que a grande maioria da população está alijada do
consumo dos produtos culturais: 87% não frequentavam cinemas,
92% nunca foram a um museu; 90% dos municípios do país não tinham
sala de cinema e 78% nunca assistiram a um espetáculo de dança.
Segundo a Folha, estaremos
incentivando blockbusters e livros de autoajuda. Visão elitista.
Cada um tem direito de consumir o que lhe agrada. Não esqueço
quando, visitando um telecentro, fiquei indignada que a maioria dos
jovens estava nos chats de um reality show. Fui advertida pela
gestora: "Esse é um instrumento que eles estão aprendendo a usar.
Depois, poderão voar para outros interesses. Ou não".
Não custa lembrar que a fome pelo
acesso à cultura é enorme, o que ficou evidente nas filas
quilométricas na mostra sobre impressionistas quando apresentada
gratuitamente pelo Banco do Brasil.
O que a Folha também menosprezou
é a enorme alavanca que o VC pode representar e
desencadear na economia. A cadeia produtiva da cultura é o
investimento de maior rentabilidade a curto prazo. Para uma peça de
teatro, você vai desde os artistas, ao carpinteiro, cenógrafo,
vestuário, iluminador...
Quanto ao recurso ir para formação e
atividades de menor sustentação comercial, citadas como prioritários
pela Folha, os editais do ministério, os Pontos de Cultura, têm
exatamente essa preocupação, assim como os CEUs das Artes e Esporte
que são, no momento, 124 em construção no país.
"A gente quer comida, diversão e
arte." (Titãs)
Autoria:
Marta Suplicy
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