INÍCIO     |     NOSSA EMPRESA     |     ORIENTAÇÕES    |     MENSAGEIRO     |      ARTIGOS      |     ENTRETENIMENTO    |      BORKINFO     |     FAMÍLIA BORKENHAGEN

Início | Artigos, Manifestos e Reflexões | Artigos | Veneno - Não existe uso seguro

Veneno - Não existe uso seguro

Regularmente somos brindados com textos de colaboradores.

O Professor Tarcísio Vanderlinde, que é de uma sapiência singular, volta e meia comparece.

E nós disponibilizamos o artigo para que você e os de seu relacionamento tenham acesso a ele.


Título original: Não existe uso seguro

 

Imagina-se que quem lida com embalagens de agrotóxicos já esteja acostumado com rotulagens que indicam ao usuário o grau de letalidade do conteúdo. Trata-se de algo curioso em se tratando de produtos perigosos, pois independentemente de se apresentar escondido nas cores continuam sendo o que são em essência: venenos. As cores cumprem a finalidade enganadora de humanizar os venenos. É preciso então cuidar das cores. Se for vermelho vivo, o veneno é extremamente tóxico, amarelo intenso, muito tóxico, azul intenso, moderadamente tóxico e verde intenso para o pouco tóxico. Agora, é só treinar os usuários para lidar com as cores e tudo estará adequadamente resolvido. Descobre-se enfim que a sustentabilidade requerida está no jogo das cores.

Na opinião do médico Wanderlei Pignati, docente da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), não existe agrotóxico “levinho”, não tóxico: tudo é veneno. Também não existe jeito seguro para utilização de agrotóxico em lavouras, a não ser que o agricultor utilize roupa de astronauta. Ainda assim persistiria um problema: o agronauta estaria protegido apenas no instante da pulverização, para depois, como os demais, ficar a mercê dos venenos aplicados por ele mesmo. A conclusão do médico é óbvia: precisaríamos construir um marco civilizacional mais adequado às nossas necessidades vitais. Pignati compartilhou as conclusões de seus estudos no colóquio sobre uso de agrotóxicos e os impactos socioambientais realizados na Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon, em 15 de abril de 2013.

Entre as outras formas absurdas de o homem se relacionar com a natureza, estaria o trato com a água, elemento básico para sobrevivência humana. Primeiro maltrata-se a água permitindo diversas formas de contaminação. Depois se aceita uma tolerância maior, no sentido de permitir na água a presença de resíduos, como metais pesados e elementos químicos prejudiciais aos organismos vivos. Como a situação já está bastante comprometida, vamos sendo convencidos de que a água está apenas com algum cisco inofensivo.

Entre outros assuntos, Pignati compartilhou algo que normalmente não apreciamos ouvir. O agrotóxico tem relação com muitas doenças entre as quais vários tipos de câncer. Como médico, fez questão de frisar, que nem todo câncer seria decorrente da utilização dos agrotóxicos, contudo, explicar que o câncer tem basicamente origens hereditárias costuma muitas vezes mascarar a reais origens da doença. Na visão do médico, por interesse dos grandes negociantes de venenos vive-se um período de abrandamento da linguagem e da legislação com o intuito de disseminar a sensação de que existe uso seguro do agrotóxico. De acordo com o grupo de estudos e pesquisas do qual Pignati participa, os dados sobre doenças decorrentes do uso de agrotóxicos chegam a ser alarmantes. A população rural e urbana de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, local que se identifica como paraíso do agronegócio, tem sido vítima frequente de agrotóxicos e alvo de diversas pesquisas sobre o efeito dos venenos na saúde.

A insanidade no uso de venenos no meio rural foi exemplificada de muitas formas pelo conferencista. O agente laranja, por exemplo, desfolhante utilizado na Guerra do Vietnam, reaparece no cenário do agronegócio com o nome de paraquat. Proibido na União Europeia por ser extremamente letal, continua sendo utilizado no Brasil. Na luta contra a utilização dos agrotóxicos se materializa uma situação absurda e surreal: ainda não se conseguiu proibir o que já está proibido.
 

Se lhe interessar, clique nas figuras e veja (em tamanho maior) o resultado do "agente laranja"!

 

Postado em 17/02/2013, às 21:46h

Avenida Doutor Damião, 80 - CEP 85864-400 - Jardim América - Foz do Iguaçu, PR | Fone/Fax: 45 3028 6464

Borkenhagen Soluções Contábeis Ltda.

Copyright © Desde 1997 - Direitos reservados