A escritora
Victória Valiente, nos permite reproduzir ou republicar seus
textos semanalmente publicados no jornal A Gazeta do Iguaçu. Em 03/10/2016 o
artigo abordou arrependimento e remorso.
Viver é uma correria desde a maratona da fecundação: no dia exato, milhões
correram, um conseguiu alcançar e voilá, cá estamos. Torcida para que
tenha saúde, mame direitinho, faça cocô todos os dias, engorde, cresça, ria,
fale, engatinhe, ande e depois que tudo isso acontece é uma luta para
emagrecer, não falar demais, nem andar tão rápido.
Louras nunca ficam morenas, mas morenas ficam louras, cabelos crespos viram
lisos, dentes amarelos ficam brancos, rugas são preenchidas. Não basta
estudar, tem que ser o primeiro da sala. Média é coisa de gente medíocre e
pai não se esforça tanto para ter filho assim. Se o guri fala que quer
teatro, os pais rezam por direito, se a guria quer moda, lutam por medicina.
Mais tarde o advogado vira chefe de cozinha e a médica maquiadora.
Somos insatisfeitos por natureza, mas precisamos lembrar que não somos um
corpo (perecível) dentro de uma alma (eterna), somos uma alma dentro de um
corpo, ou seja, passaremos como os passarinhos de Quintana.
Corremos, alcançamos e continuamos correndo, por quê?
A enfermeira Bronnie Ware trabalhou anos com pacientes terminais e escreveu
um livro sobre os pesares de quem está à beira da morte (moribundo), "The
Top Five Regrets of the Dying":
1 - Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma
vida fiel a mim mesmo - Segundo ela, no leito de morte as pessoas
perceberam quantos sonhos não foram realizados ao longo da vida.
2 - Eu queria não ter trabalhado tanto - Esse
foi o pesar mais comum entre os pacientes do sexo masculino, eles
reconheceram que perderam a juventude de seus filhos e o companheirismo da
suas parceiras por estarem totalmente dedicados ao trabalho.
3 - Eu queria ter tido a coragem de expressar meus
sentimentos - A enfermeira explica que muitas pessoas suprimiram seus
sentimentos, afim de manter a paz com os outros.
4 - Eu queria ter mantido mais contato com meus amigos
- Muitos se tornaram presos em suas próprias vidas, perdendo grandes
amizades ao longo dos anos.
5 - Queria ter sido mais feliz - Muitos não
percebem até o fim da vida de que a felicidade é uma escolha.
Arrependimento e remorso parecem iguais, mas possuem significados
diferentes.
Arrependimento vem do grego metanóia que quer dizer mudança de rumo.
Remorso é apenas o pesar ligado a culpa. Por exemplo, Judas teve
remorso ao trair Jesus, devolveu as moedas e se matou. Se tivesse se
arrependido teria pedido perdão e feito algo diferente para se retratar, mas
não soube lidar com a culpa e preferiu morrer. Já Pedro negou Jesus e se
arrependeu vindo a tornar-se a pedra da igreja.
Costumo dizer que, saber não muda nada,
mas é um começo. Mudar requer atitude,
ação.
Embora a lei natural seja que os mais velhos partam antes dos mais jovens,
ninguém sabe qual sua hora e enquanto não chega é tempo de rever os
conceito, sonhos não se realizam sozinhos mude hoje mas mude mesmo, caminhe
em direção ao que quer, não fique se lamentando, lembre que o tempo aqui
é breve!
Autoria:
Victória Valiente
Publicado em 03/10/2016
Postado em 06/10/2016
Com a palavra os internautas:
Talvez digas: "Eu nunca tive do que me arrepender!"
Será?
Eu (Edvino) sei que tenho falhado com relação ao "ponto
2", mas me dou conta que saber não é o suficiente. Hei de tomar uma atitude!
E tu, vives bem em relação às pessoas que mais amas?
Se tens uma informação
construtiva, envia-a! Segue
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Opinião:
É muito bom ver textos como o de Victória
Valiente!
Só o arrependimento é que de fato pode
acabar com nossa arrogância e fazer-nos melhores. Enquanto estivermos
vivos e conscientes sempre poderá haver oportunidade para
arrependimento.
Ainda muito jovem, já convencido da
importância do arrependimento, uma pessoa me interpelou dizendo que
arrependimento era coisa para covardes. Não sei se ela ainda vive.
Aquilo me chocou muito. É o ponto que as pessoas podem chegar se não se
arrependerem.
Valeu Edvino! Tenha um bom dia!
Tarcísio Vanderlinde
Eu já havia lido algo sobre este assunto e
acabamos entrando em um paradigma de nossos pais que para termos isso,
temos que nos sacrificar um pouco para atingir nossos objetivos.
De vez em quando, paro para pensar, tenho
um filho de 4 anos, onde ele passa mais tempo com meus pais, do que com
minha esposa e eu. Mas se não nos sacrificarmos cedendo este tempo ao
trabalho, como poderemos dar um futuro estável e agradáel ao nosso
filho?
Fica fácil dizer, "vamos abandonar tudo e
seja o que Deus quiser". Mas será que o que vem a nós no futuro, é o
melhor?
Digo por mim mesmo Sr. Edvino. Eu sou uma
pessoa com o pé atrás para tudo, sempre imagino o pior, do que o melhor,
tenho medo de me arriscar. Talvez seja uma falha ou talvez seja
precavido demais, sei lá. Uns pensam como eu, já outros não.
Na verdade, ninguém tem razão sobre este
assunto. Uma mudança radical pode assustar a muitos!
Só que também tenho medo de me arrepender
depois, por este tempo que já foi, que passou.
Mas será que nos daremos conta quando
estivermos "à beira da morte" ?
Silvino Regasson Júnior