A escritora
Victória Valiente, nos permite reproduzir ou republicar seus
textos semanalmente publicados no jornal Gazeta Diário. Em 31/07/2017 o
artigo teve o título: Traga à memória o que te traz esperança.
Hoje estava fazendo uma compra rápida e um senhor entrou na loja, escolheu
alguns chocolates e quando estava pagando, olhou para mim. Me dei conta que
era meu primeiro patrão. Eu não sei dizer como o reconheci, afinal 27 anos
haviam passado, nunca mais tínhamos nos encontrado apesar do consultório
dele ficar na mesma rua do meu atual trabalho. Se me perguntarem o que comi
no café da manhã precisarei pensar, mas quando bati os olhos naquele homem,
misteriosamente, lembrei-me quem era.
Dizem
que se compararmos nosso cérebro com uma cidade, as memórias mais
importantes ficam no Centro e lá estão porque nos impactaram emocionalmente
quer seja positiva ou negativamente. Por esse motivo não é bom cultivar
coisas ruins, elas fixam e ficam ali tomando lugar de coisas boas. Então as
memórias dividem-se em bairros, subúrbio, favela, até sumirem de vista.
A capacidade de armazenamento do cérebro é desconhecida. Há teorias que
dizem que vamos nos esquecendo para nos preservar. Já pensou se
mantivéssemos cada imagem ou palavras ouvida? Hipertimesia é a doença de
quem se lembra de tudo que acontece.
Eu fico impressionada! É realmente incrível esta complexidade. Todos os
mecanismos que nos fazem aprender, reter informações ou simplesmente
descartá-las. Uma pessoa idosa é capaz de mencionar datas e detalhes
históricos nem sempre relevantes. Há pessoas que memorizam facilmente
músicas, ouvem duas ou três vezes e conseguem cantar, aliás, isso de cantar
é muito estranho, como é que consigo cantar quando a música está tocando e
não consigo cantar sem música? Não sei o que ativa o cérebro, o que o faz
funcionar.
Certa vez ouvi que meu defeito era que eu sou muito otimista. Sempre
considerei isso uma qualidade, mas enfim, a que devo isso? Sou grata, não
esqueço do que já houve em minha vida, de onde saí, por onde passei, o que
já venci.
Trago à memória sem condenação, sem julgamento, lembro e agradeço porque a
vida não é simplesmente trazer à consciência o que somos, ou lidar com a
realidade. A vida não é conquistar ou melhorar.
Perceba que se você vai de menos cinco à zero, melhorou, mas ainda é zero,
ou seja: nada. Precisamos lembrar do que já houve de impactante, das
conquistas, dos obstáculos superados, de como funcionamos melhor juntos e,
quando digo juntos falo como casal, família, time, comunidade.
Traga à memória aquela sensação maravilhosa de vencer; vencer o medo, a
timidez, vencer um desafio, uma prova difícil.
Traga à memória o sorriso, o pódio, a medalha!
Traga à memória a sensação
revigorante da superação, o poder do sim, do eu posso, eu consigo!
Às vezes queremos esquecer, mas
lembramos e carregamos conosco para sempre certos pesos.
Estas memórias são vivas porque
gostamos de alimentá-las.
Assim como a tristeza nos
paralisa, a alegria nos impulsiona. Então cultivemos o que nos faz bem!
Traga à memória o crescer; faça
as perguntas certas; o que lhe motivou a continuar; quais os métodos que
usou; quais os pontos fortes; quem se beneficiou com a "sua" conquista; onde
você quer chegar; como você se sente quando se vê lá.
A felicidade não é um destino;
é a jornada. Aproveite o caminho!
Ouvi uma pessoa falando sobre
escalada, são horas e horas de
caminhos difíceis para chegar ao topo, cravar uma bandeira, tirar uma foto e
descer.
Felicidade não é começar ou
terminar, é ir!
Traga à memória:
Você não chegou onde chegou,
sozinho, lembra?!
Autoria:
Victória Valiente
Publicado em 31/07/2017
Postado em 02/08/2017
Com a palavra os internautas:
Cada indivíduo tem o direito (e a obrigação) de
contabilizar suas conquistas e lembrar dos percalços.
Cada indivíduo tem noção de que não vive isolado e não
cresce sem um 'empurrãozinho' de alguém.
Cada indivíduo tem a oportunidade de auxiliar alguém a
melhorar seu padrão de vida.
Para enriquecer ainda mais o artigo, e o destaque:
Você não chegou onde chegou, sozinho!
, anexamos essa historinha:
Dois rapazes moravam na mesma fazenda quando o
pai morreu.
O que era solteiro ficou morando na casa em que o pai
morreu.
O casado morava na casa ao lado.

Eles tinham uma plantação imensa de arroz e
combinaram de trabalhar juntos e dividir tudo.
Colheram dezenas de sacos de arroz, metade para um e
metade para o outro, e assim fizeram dois celeiros. Fizeram uma boa
colheita, estavam com os depósitos cheios.
No final da tarde, o irmão solteiro começou a pensar
que aquela divisão não estava certa.
Pensava: “Eu sou solteiro e meu irmão é casado, tem
mulher e filhos. Ele precisa de mais arroz que eu, pois sou sozinho!”
À noite, ele se levantou, foi ao celeiro dele,
escondido, pegou um saco de arroz e o colocou no celeiro do irmão.
O irmão acordou na manhã seguinte e começou a pensar: “Essa
divisão não está justa, pois sou casado, tenho minha mulher e meus filhos. E
eles vão crescer e poderão me ajudar. Mas meu irmão, coitado, ele é sozinho.
E se ele não casar, não vai ter ninguém por ele. O certo é ele ganhar uma
parte a mais que eu!”
Deixou anoitecer e, por volta da meia-noite, levantou,
foi ao seu celeiro, pegou um saco de arroz e o colocou no celeiro do irmão.
E assim foram vivendo: a cada colheita, um levava uma
parte a mais para o outro.
Só não entendiam como é que sempre ficava a mesma
quantidade para cada um.
Uma bela noite, o relógio biológico se confundiu.
Horário de verão, e os dois se levantaram na mesma hora
e se encontram no meio do caminho.
Um olhou para o outro, colocaram os sacos de arroz no
chão, se abraçaram, e choraram.
A partir daquele dia, fizeram um único celeiro.
É preciso partilhar os dons, é preciso dinamizar.
Para quem pensa só em si, resta somente a estagnação.
É preciso frutificar os dons!
Você não chegou onde chegou, sozinho!
Peça ao Senhor a graça de fazer a experiência do amor
infinito, que divide, que cura e transforma sua história: "Dá-me, Senhor,
a graça de aprender partilhar. Amém!"
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