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Jornal francês é vítima ou é réu? E se fosse com você?

Vivemos a consequência de nossos atos!

Quem com ferro fere, com ferro será ferido!

Quem bate pode esquecer, mas quem apanha jamais esquece!

 

Com estes 3 pensamentos nos encorajamos a registrar considerações, sem tomar partido deste ou daquele. Apreciando os fatos ocorridos no início de 2015, na França, notadamente após publicação de um jornal de sátiras. Os ofendidos entenderam que aquela teria sido a "gota d'água" das sátiras contra seus costumes e contra sua religião.

Reagiram duramente? Sim. Ultrapassaram o limite de seus direitos? Sim.

Trazendo a sátira para o seio da família de cada leitor, imaginemos:

Se um periódico, um jornal, publicasse que sua mãe é uma prostituta, porque se traja como tal, ou não se traja como a maioria das mulheres; ou que sua mãe é uma bruxa, porque seu rosto não se parece com as demais mulheres, mesmo que apenas seus familiares saibam que ela foi vítima de um incêndio que deformou seu rosto, você ficaria quieto/a?

Quando veículos de informação, inserem charges, fazem chacota com pessoas que detém cargo público, pelo fato de não serem de apresentação padrão, e você ao receber alguma charge se sente envergonhado/a do procedimento do autor, ou você repassa um e-mail que traz um deboche sem que a pessoa debochada tenha direito a defender-se?

Quando pessoas próximas da pessoa debochada, ridicularizada se mostram ofendidas a ponto de perderem as estribeiras, somos tentados a condenar o ato de quem reagiu, além dos limites, mas não atentamos para a causa, para a gravidade do ridículo publicado, não é?!

Isso não quer dizer que avalizemos o ato de reação, inclusive com mortes!

Assim publicamos a nota, abaixo, no início da semana posterior ao ocorrido na França:

 LIBERDADE DE EXPRESSÃO PERMITE OFENDER?

- Quando fizeram um filme focando para a vida sexual de Jesus Cristo, a comunidade cristã se movimentou para que o filme não fosse projetado nos cinemas;

- Quando decidiram que o crucifixo não mais deveria ser ostentado em alguns locais públicos, por ser o Brasil um país laico, e que, por isso, não se deveria impor essa ou aquela religião aos cidadãos, houve relativo descontentamento, mas não se viu mobilização.

O Cristianismo está esfriando?

Quando na  França  ocorreu um ataque a um jornal satírico, logo se apresentaram os defensores do livre direito de expressão. Sim o direito de expressão é lícito e deve ser defendido desde que se observe que:

O DIREITO DE CADA UM VAI ATÉ ONDE COMEÇA O DIREITO DO OUTRO!

Esqueceram que os satirizados têm sentimentos? Ou a brutalidade não é consequência das fobias?

Cuidemos para que o nosso querido Brasil se mantenha em paz, que saibamos respeitar a língua, os costumes, as tradições e a religião dos outros, sem ofensas mútuas. Ninguém precisará insurgir-se contra "A" ou "B" se não se sentir intimidado ou vilipendiado.

 

Edvino Borkenhagen, em 12/01/2015

A nota mereceu comentários de leitores/internautas a quem agradecemos pela sinceridade nos comentários.


 

O Editorial do jornal A Gazeta do Iguaçu, de 10-11/01/2015, ao qual só tivemos acesso após nosso manifesto registrado acima e publicado em 12/01/2015, endossa nosso pensamento:

Apensado em 17/01/2015


Outra colaboração é do Prof.Tarcísio Vanderlinde, da Unioeste, o qual está, também publicado em "MANIFESTOS"

P Â N I C O     F R I O

 

Num pronunciamento ao lado do atual presidente francês François Ollande, o arquirrival político Nicolas Zarkozy, referiu-se aos atentados contra os funcionários do jornal Charlie Ebdo, como uma guerra contra a civilização, e neste caso, a civilização teria obrigação de se defender.

Entre opiniões assimiladas em várias partes do mundo, se evidenciou de pronto um ataque ao sagrado direito da liberdade de imprensa. Mais bem informados do que a maioria de nós, alguns poucos periodistas ousaram se indagar se no âmbito da mídia deveria haver algum limite ético de atuação.

Quando um atentado como este ocorre numa vitrine como Paris, a repercussão é bem maior do que um sequestro de meninas com motivação religiosa em lugar ermo de algum país africano, por exemplo. Os conflitos terroristas têm na mídia um fator potencializador dos seus objetivos. Quanto mais “espetacular” o evento, melhor. E parece ter ficado claro também, que nem todos estão dispostos a tolerar sátiras que depreciem sua fé.

A “guerra contra a civilização” pode ter muitas interpretações. A história nos ensina que a França, enquanto Estado moderno, não atuou sempre com isenção no processo civilizatório. Junto a outras potências europeias, contribuiu para desenhos artificiais de Estados numa região do planeta considerada hoje explosiva: o Oriente Médio. Sintomaticamente foi de lá que veio o comunicado sobre a autoria do ataque.

O residual colonialista legado pelas potências europeias, associado às interpretações religiosas particulares, tem nos levado a uma situação descrita pelo filósofo francês Paul Virilio como “pânico frio”: sabe-se que vai acontecer, apenas não se sabe quando e onde. Pode-se sentir um pouco desta sensação, cada vez que se passa pelo aparato de segurança antes de embarcar em alguma aeronave, seja no Brasil ou em alguma outra parte do mundo.

Por outro lado, não se pode ignorar o papel paradoxal da religião no processo civilizatório. Violência e paz parecem ser atributos que acompanham a milenar história das religiões. Pela ênfase ou manipulação de textos considerados sagrados, a religião pode libertar ou alienar. O sociólogo e teólogo luterano Peter Berger, um dos grandes estudiosos da religião discute isso com muita propriedade. No ambiente de “pânico frio” o inimigo pode morar ao lado e materializar-se em momentos inesperados para a maioria, mas que se revela oportuno para ele.

O tipo de atentado que ocorreu em Paris passa a chamar mais atenção a partir do momento em que o “perigo vermelho”, para a inteligência estadunidense, foi substituído pelo “perigo verde”. O primeiro perigo é uma referência aos tempos da “guerra fria”. O “perigo verde” começou a povoar o imaginário belicoso a partir da revolução dos Aiatolás no Irã ao final dos anos de 1970. O ambiente de “pânico frio” não deverá ser debelado tão cedo. Há muita história por trás desta nova realidade, e não é só religião, embora este seja o pretexto motivador que mais aparece.

Não é demais estar atento às motivações religiosas que carregam outras intenções e levam o ser humano a situações extremas. No ambiente de “pânico frio”, saber mais sobre a complexidade do mundo islâmico, constatar que a maioria dos muçulmanos são pacíficos, ser prudente, tolerante, e agir de forma respeitosa com o semelhante, serão atitudes sempre bem-vindas.

É cedo para afirmar se a mega caminhada antiterror que se viu neste domingo em Paris desencadeará o início de uma quebra de paradigma na guerra contra o terror. Mas é preciso ter esperança.

Autor: Tarcísio Vanderlinde em 12/01/2015

Publicado em 21/01/2015

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