Mais uma vez os “especialistas e
especialíssimos” vem para explicar o inescapável “inexplicável”. Sociólogos,
filósofos, filólogos, historiadores, jogadores de futebol, comentaristas,
enfim, foi tão grande a plêiade de “palpiteiros” sobre o tema que no final
nada ficou claro, apenas que se trata de uma manifestação e não de uma
revolta, em princípio, porque manifestação era para ser sem violência.
Diante
do contexto vale conjecturar algumas variantes:
1.
Imperdoavelmente o Governo Federal foi pego de surpresa. Passa a impressão
que não possui um serviço eficiente de inteligência. O mais grave é que não
é a primeira vez que isso acontece.
2. Em
termos de negociações alguns gestores foram do desastre ao caos em minutos:
da mudança de perspectiva na reação inicial, à concessão dos pleitos de
forma quase que desesperada, pensando ingenuamente que isso iria aplacar as
manifestações, ao contrário, deu mais gás.
3. A mídia
mostrou seu despreparo e sua marota parcialidade: inicialmente defendeu com
paixão as manifestações; quando começou a violência e ela própria foi alvo,
disse que “pequenos grupos radicais” praticariam vandalismo; no dia seguinte
os chamou de mais exaltados; no outro dia de baderneiros; e agora foram
“promovidos” a vândalos e bandidos.
4. O
discurso raso e destemperado contra a corrupção e os políticos é
extremamente perigoso (perigoso mesmo) para o Estado Democrático e para as
pessoas que vivem nele. Foi esse mesmo discurso genérico e “hipócrita” que
colocou no poder gente como Hitler, Stalin e Fidel. Juntos mataram mais de
cinquenta milhões de pessoas.
5. O
movimento cria um viés extremamente ameaçador quando expulsa das ruas os
militantes de partidos com suas bandeiras. Em uma Democracia não se pode
prescindir dos partidos. Corre-se o risco de (aí sim) surgir um sistema
totalitário que jamais permitiria manifestações como essas.
6. Em
eventos dessa natureza, a violência e os excessos fazem parte do “conjunto
da obra”. Não há como controlar milhares de pessoas juntas andando pelas
ruas. Só um incauto poderia pensar o contrário, ainda mais em um movimento
como este que “não tem liderança”.
7. A
manifestação é positiva na medida em que chama a atenção dos políticos e
governantes acerca da corrupção, da qualidade do serviço público, etc., e
negativa quando vandaliza e provoca mortes conspurcando ainda mais a imagem
do país.
8.
Modificações sociais capazes de alterar a realidade devem ser sedimentadas
basicamente na educação, que é o grande instrumento de distribuição de
rendas. Quando a educação é de qualidade, naturalmente a saúde e a segurança
seguem o mesmo caminho.
9. Para se
chegar a algum lugar é preciso fragmentar os objetivos, ou estabelecer metas
e etapas. A “candura” de um manifestante ao dizer que
era contra “tudo”, demonstra de certa forma o vazio de conteúdo da geração
facebook.
10. Roberto
Carlos, ex lateral da seleção, quando questionado sobre as manifestações,
disse que é normal pois: “na democracia todo mundo
pode faze o que qué”, absolutamente não é isso, Democracia
significa antes de tudo respeito ao próximo, infelizmente muita gente pensa
como o Roberto, todos nós pagamos (e vamos continuar pagando) um alto preço
por esse trágico equívoco.
Autor:
Dr.Rogério Antônio Lopes
Postado em 27/06/2013