Na verdade nem o dinheiro trazido pelo
rotarianos para a Fundação Rotária, nem o dinheiro de celebridades do mundo
inteiro, nem o dinheiro da Fundação Bill e Melinda Gates resolve o drama da
pólio na Nigéria.
Primeiro
temos que vincular o assunto "pólio" aos rotarianos. Como "rotarianos", são
conhecidos os sócios da organização mundial Rotary
International, a qual abraçou a causa do combate à poliomielite,
à erradicação da doença.
Na verdade a erradicação já está na reta
final, mas ainda há resistência. O combate à pólio, o sucesso na empreitada,
não depende desta enorme organização prestadora de serviços, mas das pessoas
que a compõem.
Por que os rotarianos se importam tanto com
outras pessoas e com problemas como a pólio?
Penny LeGate, Reporter / Produtora de Projetos
Especiais da KIRO-TV 7 (Seattle) Eyewitness News, escreveu: "Eu era a filha
do meio e cresci em uma casa modesta do centro-oeste americano. Éramos
riquíssimos em termos de amor, mas não tínhamos dinheiro. Sempre tivemos
comida na mesa e sapatos novos para ir à escola, mas de forma alguma éramos
ricos. Ainda assim meu pai dizia com frequência: “A quem muito foi dado,
muito será pedido”.
Levou bastante tempo até que conseguisse
entender o que ele queria dizer com aquilo. As coisas começaram a fazer
sentido quando fui pela primeira vez à Etiópia, em 2002, a convite de Ezra
Teshome, uma pessoa espetacular que cresceu na Etiópia e é rotariano em
Seattle. Todo ano Ezra leva cerca de 50 pessoas a seu país para participar
do Dia Nacional de Imunização, ou DNI. Ezra está causando tremendo
impacto. Ele e sua equipe vacinam as crianças e aprendem sobre a cultura
daquele país. Ezra está mudando não apenas a vida das pessoas de sua Etiópia
natal, mas principalmente a dos que viajam com ele.
Eu virei fã de carteirinha dessas viagens.
Desde 2002 já voltei lá sete vezes, e até levei meu marido comigo uma vez.
No ano seguinte levei nossa filha Molly, de 17 anos; foi o melhor presente
que ela já ganhou.
Embora minha responsabilidade nessas viagens
seja fazer a cobertura televisiva, vez ou outra coloco de lado meu
equipamento para vacinar as crianças. A sensação de saber que aquela criança
jamais contrairá pólio é inigualável!
Tivemos muitas aventuras. Adorei ter conhecido
todas aquelas adoráveis crianças, que tanto me ensinaram sobre laços
familiares e como se contentar com tão pouco.
A missão de erradicação da pólio é o coração,
a essência, o âmago do que é o Rotary.
LeGate já contou como em 1985 os rotarianos abraçaram essa missão
gigantesca e nobre. Não tardou para que outros se juntassem à causa,
parceiros como a Organização Mundial da Saúde, o Unicef e o Centro
Norte-Americano para Controle e Prevenção de Doenças. Com a dedicação, os
rotarianos conquistaram a simpatia e o apoio de governos de vários países.
Quando o dinheiro começou a faltar e o pique diminuiu, eis que ganharam um
parceiro de peso: a Fundação Bill e Melinda Gates.
Todos elogiam a liderança e dedicação do
Rotary. A Fundação Gates poderia ter dado os US$355 milhões a outras
entidades, como a OMS ou Unicef, mas não! Ela escolheu dar para o Rotary!
Por quê? Porque a Fundação Gates sabe muito bem que foi o Rotary que tomou a
iniciativa e continua sendo o parceiro mais forte na batalha contra a
doença. Eles estão impressionados com o seu comprometimento em equiparar as
doações deles.
Observemos uma menção feita por Bill Gates: “O
mundo não poderia ter chegado onde está sem o Rotary, assim como não chegará
onde precisa chegar sem o Rotary”.
Um apanhado geral bem rápido: Em 1985 a pólio
circulava em 125 países e o número de casos era de 350.000 por ano. Em 2010,
o vírus ainda estava circulando em somente quatro países e os casos não
passavam de 2.000 por ano. Que bela conquista!
Os países onde o vírus está presente são:
Nigéria, Paquistão, Afeganistão e Índia. Os desafios que eles enfrentam são
peculiares a cada um.
Na Nigéria, em 2003, o programa de imunização
contra a pólio foi suspenso no norte do país por conta de boatos de que a
vacina estava contaminada. Como resultado disso, o vírus nigeriano se
alastrou para vários outros países que já tinham se livrado da pólio.
Representantes de organizações internacionais da saúde, e o próprio Bill
Gates, se encontraram com líderes nigerianos e o esforço passou a ser de
aumentar e melhorar a cobertura e vacinar o maior número possível de
crianças. O que é triste é que muitas delas ainda não estão sendo
vacinadas por razões das mais diversas. O vírus tipo 1 e tipo 3 são ativos
na Nigéria. Novas rodadas de vacinação contra todos os tipos de vírus foram
administradas, ultimamente, na esperança de conter o último surto da doença.
Líderes comunitários, religiosos e políticos passaram a envolver-se com o
programa contra a pólio.
Entretanto voluntários rotarianos, que
aplicavam a vacina, foram mortos devido às tensões entre tribos;
acreditavam que a vacina seria algo maléfico enviado pela tribo oponente
para dizimar as crianças da tribo.
O andamento da campanha no Paguistão, no
Afeganistão e na Índia poderão ser abordados em outra ocasião. Agora, só uns
toques, como aperitivo.
No Paquistão, a falta de segurança,
instabilidade política e infraestrutura precária são os maiores problemas.
Só recentemente as equipes de vacinação conseguiram chegar a áreas de
difícil acesso. Novos casos de pólio foram relatados em algumas áreas que
anteriormente haviam se livrado do vírus. De todas as coisas, o telefone
celular está sendo de maior valia na imunização da pólio. As equipes médicas
estão mandando mensagem de texto para lugarejos distantes, informando sobre
os próximos DNIs!
Em 17/07/2012, o sítio
publico, de Portugal, no Caderno Mundo, noticia que um médico de Gana e
o motorista, ficaram feridos, em Carachi quando viajavam em veículo da OMS,
por terem sido atacados por homens armados. Eles promoviam a campanha de
vacinação contra a poliomielite, que já sofreu ameaças dos taliban.
Já no Afeganistão a guerra atrapalha as
campanhas de imunização. Os problemas são semelhantes aos do Paquistão No
entanto, os ataques aéreos, homens bomba e assassinatos criaram grandes
obstáculos para as equipes de vacinação que tentam chegar aos vilarejos mais
remotos. Até mesmo o Talibã tem interesse em proteger suas crianças
contra a pólio, assim, os Dias de Tranquilidade foram declarados para
que os vacinadores possam fazer seu trabalho sem correr riscos.
A Índia, conforme relata LeGate, é um país
populoso demais (mais de 1 bilhão de pessoas) e caótico, mas muito colorido.
Lá, os desafios de eliminar a pólio são imensos. Nos estados do norte, mais
castigados pela pólio, nascem 8.000 crianças a cada dia. Outros entraves são
as doenças e a falta de saneamento e água potável. Mas o lado bom é que esta
é uma nação onde o governo e o cidadão comum estão determinados a eliminar a
poliomielite de uma vez por todas. Muitos especialistas da saúde acreditam
que se a pólio puder ser eliminada da Índia, ela certamente poderá ser
eliminada do mundo!
Em 08/02/2013 a
Folha de S.Paulo – Mundo publica que "Agentes
de vacinação da pólio são mortos a tiros na Nigéria"
- Nove profissionais
de vacinação da pólio, todas mulheres, foram mortas em duas
chacinas em centros de saúde na cidade de Kano, no norte da Nigéria,
informou a polícia. No primeiro ataque, homens armados chegaram ao centro de
saúde atirando contra as agentes e fugiram em um triciclo. Meia hora depois,
um grupo de vacinadores que se preparava para sair a campo foi atacado em
uma clínica nas imediações de Kano. Ainda não se sabe se os dois atentados
foram realizados pelo mesmo grupo, mas testemunhas disseram à rede de TV
britânica BBC que os atiradores do segundo ataque também chegaram e fugiram
de triciclo, um veículo comum na região.
Leia mais (08/02/2013 – 11h56)
A
conclusão a que se chega é que a má informação, associada ao medo de
invasões camufladas, promovidas pelos
EUA, a exemplo da captura e morte de Bin Laden,
fecham as portas para o bem.
Eles imaginam que o suposto ingresso de
vacinas no país, é um meio de dissimular o ingresso de tropas, de armamento,
só para mudar o foco, mudar a atenção.
O MEDO CAUSA MORTE DE CRIANÇAS e um
trabalho tão audacioso iniciado pelo ROTARY fica prejudicado. Por isso é que
dizemos que "Os rotarianos não reduzem a pólio na Nigéria!". Apesar
de todos os esforços deles, os povos desses 4 países é que dificultam a
vacinação. Devemos, sim, louvar a dedicação dos voluntários!
Coloquemos esses povos mais pobres em nossas
orações para que Deus permita que a vacinação alcance as crianças nos mais
distantes rincões!
Também aqui colocamos a pergunta de LeGate:
"O
que você já fez pela vacinação de crianças, contra a poliomielite?"
Postado em 11/02/2013