Em Cerrito – RS, existe a
igreja de Passo do Santana que, por fatos ocorridos é chamada pelo povo da
região de “Igreja Queimada”, mas desafiamos os leitores a responderem
a si mesmos: “Eu entraria numa “igreja queimada”? Sim, o propósito é mesmo
fazer você se perguntar antes mesmo de saber a história.
Todas as igrejas têm sua
história, como templos que acolhem as pessoas como membros do corpo de
Cristo. Destacamos, em breves pinceladas, registros acerca da igreja
denominada Frauenkirche (Igreja da Nossa Senhora) em Dresden,
na Saxônia, sudeste da Alemanha, próximo à divisa com a Polônia.
Maiores detalhes os leitores poderão conhecer logo abaixo do texto desta
coluna.
Em estilo barroco, após 10
anos de construção a igreja foi inaugurada em 1734, mas concluída apenas em
1743 quando o arquiteto e mestre de obras já havia falecido. Tornou-se ela
uma testemunha da fé evangélica luterana, considerando que fora construída
ao lado da Hofkirche – Igreja da Corte – catedral católica romana.
Foi um período conturbado
o das guerras na Europa, e esta igreja resistiu a muitas guerras, mas em 13
de fevereiro de 1945 as forças aliadas lançaram bombas
incendiárias em Dresden, alcançando o interior da igreja, sendo o fogo
alimentado por rolos de filme depositados no subsolo por causa da guerra, o
que fez cair a construção com sua cúpula de mais de 90 metros de altura e
40 de diâmetro, em 15 de fevereiro. Conta-se que as pedras dos pilares e
da cúpula ficaram vermelhas de calor antes que o prédio tombasse.
Em 13 de fevereiro de 1990
decidiam pela reconstrução desse monumento, o que teve repercussão
mundial. Foram usados muitos blocos de pedra da montanha de ruínas. Foram
gastos cerca de 180 milhões de euros, contando com doações do mundo
inteiro, inclusive de pessoas e entidades da Inglaterra e Estados Unidos que
haviam feito o bombardeio. Um vencedor do prêmio Nobel de Medicina,
nascido em Dresden, agora cidadão norte-americano, dedicou todo o valor
do prêmio, 1 milhão de dólares ao projeto. Em 30 de outubro de 2005
aconteceu a reinauguração.
Além de ser, já na
construção original, um marco da arquitetura no norte da Europa, seu
interior reflete a teologia luterana do culto. Seu famoso órgão de tubos,
teve nada mais nada menos que Johann Sebastian Bach como um de
seus organistas. Com assentos para 1.800 pessoas, a acústica é
impressionante, permitindo que se ouça bem o tocar suave do menor tubo do
órgão, e quando são acionados os tubos maiores com todos os seus registros
abertos, parece que os alicerces da igreja estão tremendo. O púlpito
entra como a proa de um navio para dentro do espaço dos assentos,
destacando a importância da pregação da Palavra de
Deus no culto luterano.
Muito mais sobre essa
igreja, logo abaixo. Impressione-se!
Edvino Borkenhagen
IGREJA QUEIMADA, MAS REEDIFICADA, CONVIDA! |
Os ‘aliados’ ainda
poderão pagar, um dia, mas não em dinheiro, pelo que destruíram. A fé
remove montanhas, e escombros, e reedifica uma igreja queimada na
guerra.
Viva a Quaresma à sua maneira, mas sem ofender os outros! |
 |
BORKENHAGEN
www.borkenhagen.net
Fone 3028-6464
O fone da
contabilidade |
 |
Coluna do Mensageiro - Registro 0123526,
18/08/2003, Títulos e Documentos
ANO XIV, Mensagem 709
Veja na imprensa, em 24/02/2012, clicando
aqui.
A seguir transcrevemos o inteiro teor do artigo
publicado pela Igreja Evangélica Luterana
do Brasil, na revista Mensageiro Luterano
- edição Outubro 2011, através da
Editora Concórdia, o qual
serviu de base para a Coluna 709 (acima).
Agradecemos pelo rico material. Ainda que o
autor descreveu a agressão dos 'aliados' contra a Frauenkirche e a St.Petri
Kirche (Igreja de São Pedro), nos limitamos e contentamos com a primeira,
como estímulo à reflexão dos internautas.
Certamente poderá auxiliar os internautas na
reflexão: "O que pode a fé de um povo!".
Os templos foram reconstruídos, mas o acervo de
filmes, com a história do povo e da igreja, foi perdido, e isso os cristãos
luteranos alemães, e os habitantes de Dresden, ainda sentem muito.
Igualmente, como escreveu o editor, Nilo
Wachholz, a reconstrução das igrejas queimadas é uma amostra da promessa
de Deus de que "nada prevalecerá contra a sua Igreja".
A Quaresma, um período de reflexão, abstinência,
penitência e outros hábitos entre cristãos dependendo da denominação
religiosa a que pertençam pode, sim, ser um período do qual os cristãos
saiam renovados, no domingo da Páscoa.
Eis o texto:
Igrejas
queimadas na terra da Reforma
As igrejas, os templos, que
acolhem os membros do corpo de Cristo, também têm a sua história. Na nossa
IELB, temos muitas igrejas, capelas e templos novos, que ainda não têm muita
história a relatar. No entanto, entre as igrejas da IELB, conhecemos também
a de Passo do Santa’Ana, em Cerrito, RS, que por causa da sua história é
chamada pelo povo da região de “Igreja Queimada”. Pois eu quero relatar a
história de duas “igrejas queimadas” de Dresden, antiga cidade residencial
da Saxônia, no sudeste da Alemanha, já perto da divisa com a Polônia.
(as fotos podem ser vistas, e baixadas, em
tamanho maior)
A Frauenkirche
(Igreja da Nossa Senhora)
Foi
construída no século 18, substituindo a antiga “Santa Maria” na qual não
cabiam mais os membros que pertenciam à Comunidade Evangélica Luterana no
centro urbano de Dresden. Foi inaugurada em 1734, após dez anos de
construção. Mas a construção desse monumento e joia em estilo barroco foi
concluída somente em 1743, quando o arquiteto e mestre de obras já tinha
falecido.
Ao mesmo tempo em que esta
igreja suntuosa se tornou um marco arquitetônico no norte da Europa,
a concepção de seu interior reflete de
maneira marcante e exemplar a teologia Luterana do
culto. Além disso, o compositor luterano Johann Sebastian
Bach, logo após a sua inauguração, foi
um dos organistas do seu famoso
órgão de tubos, da oficina Silbermann.
A Frauenkirche também se
tornou uma testemunha da fé Evangélica Luterana da ampla maioria do povo de
Dresden ao lado da catedral católica romana (Hofkirche = Igreja da Corte),
que foi construída quase na mesma época por caprichos políticos, pois o
príncipe Eleitor, da Saxônia, um racionalista indiferente, havia-se
convertido ao catolicismo para se tornar Rei da Polônia.
Esta igreja, que resistiu a muitas guerras ao longo da história,
queimou literalmente quando forças
aliadas, em 13 de fevereiro de 1945, bombardearem a cidade de Dresden.
Bombas incendiárias foram lançadas na sua proximidade e puseram o interior
da igreja em chamas. E esse fogo, alimentado também por muitos rolos de
filmes, depositados no subsolo por causa da guerra, fez cair a construção
com a sua cúpula de mais de 90 metros de altura e 40 de diâmetro. Isso
ocorreu no dia 15 de fevereiro de 1945.
Conta-se que as pedras dos pilares e da cúpula ficaram vermelhas de calor
antes que o prédio tombasse.
Em 1967, tive a oportunidade
de ver a montanha de escombros intocados daquilo que restou. E
em 1980, tornei a ver essa mesma
montanha, agora já ajeitada para ser um monumento dos horrores da Segunda
Guerra Mundial. Nessa época, já tinha sido
reerguido e restaurado o monumento com a estátua do reformador Martinho
Lutero, em bronze, que já em 1885 havia sido colocado na praça em
frente à igreja.
Em 2010, tive a grata
oportunidade de ver a Frauenkirche reconstruída, de acordo com as plantas
originais. Graças à iniciativa dos “Cidadãos de
Dresden” que, em 13 de fevereiro de
1990, 45 anos após o bombardeio da cidade de Dresden, decidiram
pela
reconstrução
deste monumento. Essa iniciativa teve uma impressionante repercussão
mundial, de maneira que em poucos anos, de 1993 a 2005,
a igreja toda foi reerguida, usando-se muitos
blocos de pedra da montanha de ruínas. Foram gastos cerca de 180
milhões de Euros, oriundos de doações do mundo inteiro, curiosamente também
por muitos cidadãos e entidades da Inglaterra e dos Estados Unidos. Um
vencedor do prêmio Nobel de Medicina, nascido em Dresden, agora cidadão
norte-americano, dedicou todo o valor do prêmio, 1 milhão de dólares, a este
projeto. Em 30 de outubro de 2005, aconteceu a
reinauguração deste majestoso templo.
Também tivemos em 2010 a
experiência de assistir a um dos momentos devocionais, que ocorrem
regularmente ao meio dia, seguido por uma explicação, do alto do púlpito, de
toda construção e de sua história. À noite, assistimos a um recital no órgão
de tubos restaurado. É impressionante a acústica
da igreja, na qual há assentos para 1.800 pessoas.
Ouve-se bem o tocar suave do menor tubo do órgão, e, quando são acionados os
maiores tubos com todos os registros abertos, parece que os alicerces da
igreja estão tremendo.
Impressiona também
a arquitetura do seu interior: o
púlpito entra como a proa de
um
navio para dentro do espaço dos assentos da comunidade, sublinhando a
importância da pregação da Palavra de Deus
no culto luterano. O acesso para o batistério e para o espaço em
frente ao altar acontece por duas escadarias que passam ao lado de dois
confessionários abertos. O altar e a mesa da Santa Ceia ficam bem visíveis
para todos os participantes do culto. Acima do altar, esculpido em pedra, se
vê o retrato da cena do Senhor Jesus em oração no Getsêmani, preparando-se
para o seu sacrifício na cruz. A coroação deste quadro do altar é o
magnífico prospecto do órgão de tubos, sendo guarnecido por colunas
ricamente ornadas. Todo esse arranjo barroco, que se grava na mente de cada
participante do culto, dá a ideia de que todo culto na congregação tem sua
continuação certa no Céu.
Hoje a Frauenkirche de Dresden não é mais local de culto para uma
determinada congregação, como era quando foi construída, pois atualmente no
centro histórico de Dresden quase não há mais moradores. A igreja tem, em
sua programação regular, dois momentos devocionais diários e a
celebração de vários cultos aos domingos e feriados
cristãos, sendo um destes
cultos sempre em Inglês. O público
alvo principal são os
muitos turistas – nos três primeiros
anos depois da inauguração, passaram mais de sete milhões de pessoas pela
igreja. E a principal mensagem que ela quer transmitir é a paz e o amor
que Jesus Cristo veio trazer para uma humanidade que constantemente se
encontra em conflito, promovendo a reconciliação entre as pessoas e os
povos.
A igreja hoje está sob a
administração da Igreja Evangélica Luterana da Saxônia.
Karl Hermann Gottfried Auel,
pastor emérito da IELB,
nascido na Alemanha, reside na cidade do Rio de Janeiro