Excertos do sermão proferido
pelo Rev Paulo Wille Buss, na Capela da ULBRA. Texto-base: Mateus 11.2-6
Advento é
tempo de preparo e de expectativas.
O que você
espera
do Natal que está chegando?
Suas
expectativas são grandes ou pequenas?
Você espera
alguma surpresa?
Certamente
todos nós já descobrimos que existem
expectativas que se realizam e outras que
são frustradas. Também sabemos que há
surpresas boas e outras desagradáveis.
Também no
texto sobre o qual queremos meditar há
expectativa e surpresa. O texto inicia com a
informação de que “João Batista estava na
cadeia e, quando ouviu falar do que Cristo
fazia, mandou que alguns dos seus discípulos
fossem perguntar a ele:
O senhor é aquele
que ia chegar ou devemos esperar outro?”
Aí está:
percebemos que havia uma expectativa no ar.
Alguém estava sendo esperado. Esse alguém
era o Messias prometido e anunciado em todo
o Antigo Testamento. Durante séculos e
séculos, o povo de Deus havia aguardado e
ansiado por sua chegada. Mas, na época em
que Jesus começou seu ministério, havia
muita confusão sobre como seria o Messias e
qual seria sua tarefa. Muitos imaginavam que
ele viria como um rei poderoso, que ocuparia
o trono de Davi, que expulsaria os invasores
romanos e que iria restaurar a glória do
reino de Israel.
Quando João
Batista começou a pregar seu batismo de
arrependimento, a expectativa do povo
aumentou e começaram a pensar que talvez
ele, João, fosse o Messias. Mas João
imediatamente desfez essa confusão e apontou
para Jesus.
Jesus, um
homem de aparência comum, filho de um
carpinteiro pobre, rodeado de gente doente,
fraca e – pior – de pecadores notórios,
seria este o Messias Prometido? Será? Alguma
coisa não podia estar certa.
Os judeus do
tempo de Cristo não conseguiam combinar a
imagem que eles haviam formado do Messias
que deveria chegar com a daquele homem
Jesus.
Não deveria
ele chegar com grande estardalhaço, montado
num cavalo, para ser recepcionado pelas
principais autoridades políticas e
religiosas do povo?
Não deveriam
essas autoridades vir a seu encontro e lhe
entregar o sacerdócio, o templo e se
declararem seus leais súditos e seguidores?
Nada disso, porém, estava acontecendo.
Será que o
próprio João Batista, que já havia dado
testemunhos muito claros a respeito de Jesus
como o Salvador do mundo, também
estava
começando a ter dúvidas, a vacilar e a
questionar a identidade de Jesus?
Será que o
fato de estar preso injustamente o estava
deixando confuso?
O texto não
nos diz se ele enviou seus discípulos a
Jesus porque ele próprio tinha dúvidas ou se
ele o fez para que as dúvidas de seus
discípulos fossem desfeitas.
Quando os
discípulos de João apresentam sua pergunta a
Jesus: “O Senhor é
aquele que ia chegar ou devemos esperar
outro?” – Jesus não responde com
um simples “sim” ou “não”. Sua resposta é: “Ide
e anunciai a João o que estais ouvindo e
vendo: os cegos vêem, os coxos andam, os
leprosos são purificados, os surdos ouvem,
os mortos são ressuscitados, e aos pobres
está sendo pregado o evangelho. E
bem-aventurado é aquele que não achar em mim
motivo de tropeço”.
Jesus aqui
aponta para suas obras como prova e
autenticação de sua identidade como o
Messias. Qual é a importância dessas obras
que Jesus menciona?
Em primeiro
lugar, justamente estas obras são muito
significativas para os discípulos de João e
para o povo em geral porque no Antigo
Testamento é dito que são estas as obras que
o Messias irá fazer. Profecias apontavam
para as obras que Jesus realizaria, curando,
expulsando demônios e ensinando a vontade de
Deus.
Os discípulos
de João certamente conheciam essas profecias
e agora podiam constatar com os próprios
olhos e ouvidos que Jesus estava realizando
essas obras messiânicas.
Em segundo
lugar, estas obras de Jesus são
importantes porque elas mostram sua graça e
seu poder. Jesus estava realizando obras que
nenhum ser humano, por mais poderoso que
fosse, jamais tinha feito.
Então, apesar
de sua aparente simplicidade e fraqueza,
Jesus era muito mais poderoso do que
qualquer ser humano cercado de pompa e
glória. Com estas obras ele estava dando
provas de quem ele de fato era: o Messias, o
próprio Filho de Deus, aquele que tem todo o
poder sobre a vida e a morte.
Jesus cita
suas obras em ordem crescente. Fazer um cego
enxergar, ou fazer um paralítico andar
certamente parece mais simples do que
ressuscitar mortos. Mas, Jesus não termina
sua lista ali – com o ressuscitar dos mortos
– ele acrescenta mais uma obra. Ele diz: “e
aos pobres está sendo pregado o evangelho”.
Aí está: esta
era sua obra principal: pregar o evangelho
aos pobres. As demais obras apontam para
esta obra principal e como que a sublinham.
Esta obra caracteriza o seu reino da graça:
evangelizar os pobres, trazer as boas
notícias de perdão e vida aos pobres. Os
pobres são aqueles que reconhecem sua
miséria espiritual, sabendo que no mundo
inteiro não há nada que os possa livrar da
ira e da condenação de Deus.
Por ser este
evangelho tão importante e vital, Jesus
acrescenta a advertência: “E
bem-aventurado
é aquele que não achar em mim motivo de
tropeço”. Tropeçar em Jesus? Se escandalizar
com ele? Como é possível que tantas pessoas
não reconheçam a Jesus como seu Salvador e
virarem as costas para ele?
Acontece que
o mundo olha para as aparências.
Pessoas querem ver coisas novas, grandiosas,
impressionantes, divertidas. Às vezes,
pensamos que isso é uma característica das
pessoas de nossos dias. Mas, o texto mostra
que as pessoas do tempo de Jesus não eram
muito diferentes nisso. Elas pensavam: se
Jesus é o Messias, o Rei, o próprio Filho de
Deus, então ele deveria vir com muita pompa
e glória, cercado de um poderoso exército,
fazendo obras espetaculares que chamassem a
atenção do mundo inteiro.
Para sua
surpresa, Jesus contraria essas
expectativas. Ele parece tão fraco, humilde
e incapaz até de se defender a si próprio.
Essa aparência impede as pessoas de enxergar
os fatos que estão diante de seus olhos: que
Jesus faz o que ninguém jamais fez ou é
capaz de fazer – sim, que ele é muito maior
e mais poderoso do que o Messias de suas
expectativas.
Muitos
continuam a tropeçar em Jesus, e no seu
evangelho, ainda hoje. O evangelho parece ser
uma coisa tão simples e pequena que, para
muitos, simplesmente não faz sentido
ir à igreja para ouvi-lo, ou então
receber suas dádivas no sacramento.
Além disso, o
evangelho se choca com uma das principais
certezas e convicções do nosso velho homem:
de que temos que fazer alguma coisa para
expiar nossa culpa e para merecer o perdão
de Deus.
No fundo, isso
acontece porque não reconhecemos nossa
pobreza espiritual. Não reconhecemos nossa
total corrupção e perdição por natureza. É
verdade que todos nós vemos os resultados do
pecado à nossa volta: a corrupção, crimes de
todo tipo, insegurança e medo.
Muitas vezes,
pessoas não reconhecem que tudo isso é fruto
do pecado. Geralmente se imagina que algumas
pessoas são más, mas que a maioria é gente
boa. Não se reconhece que o pecado está
presente em cada ser humano desde o seu
nascimento e que, como diz a Escritura: “é
mau o desígnio íntimo do homem desde a sua
mocidade” (Gn 8.21).
O mais difícil
de tudo, porém, é reconhecer que eu e você
somos tão pecadores como os demais e que
também nós temos que chegar diante de Deus
de mãos vazias, implorando sua graça – como
verdadeiros pobres.
Quando
reconhecemos que somos pobres pecadores,
então também podemos ter a certeza de que a
Boa Nova de que o Salvador nasceu é também
para nós. Então também podemos ter a certeza
de que este nosso Salvador é muito maior do
que todos os nossos medos e angústias; e de
que ele não apenas pode, mas também quer nos
socorrer.
O que você
espera
neste Natal? Qual é a sua
expectativa?
Tomara que você tenha muitas
surpresas boas! E que você possa se reunir
com os seus para se alegrar e celebrar!
Queira Deus que, ao mesmo tempo, o maior
motivo de festa e alegria, em nosso coração,
seja a mensagem do perdão e da vida que
Cristo traz.
E que o Menino
nascido lá em Belém continue a vir até nós
continuamente, por meio de sua palavra e
sacramentos, na expectativa do seu retorno
definitivo, quando ele irá nos proporcionar
a maior de todas as surpresas ao nos
transferir deste seu reino da graça para o
eterno reino da glória. Amém.
Mensagem transmitida na Rádio Atlântida FM em
14/12/2014
Apresentação: Pastor Estagiário Timóteo Felipe
Patrício
Postado em
17/12/2014
Constatação: Os judeus, que por anos a
fio recebiam os ensinamentos de que Jesus, o Rei Prometido viria, não se
sentiram satisfeitos com a chegada dum "Menino" em condições paupérrimas.
O que houve? O discurso não convenceu por que?
A libertação do jugo romano é o que pesava.
Jesus não veio para esse tipo de reino. Frustraram-se os judeus.
Jesus cresceu, afrontou os líderes, pregou por
simbolismos, por parábolas, e a maioria não entendeu o discurso.
O Cristianismo é realmente uma religião
controversa.
Ainda hoje, muita gente não foi convencida do
plano de salvação apregoado na Bíblia, muita gente não consegue reconhecer
no Cristo o caminho para a vida eterna.
Ainda hoje os judeus não aceitam Cristo como
meio para a salvação, pois os registros bíblicos não foram alterados - O
povo judeu é o povo escolhido de Deus!
Isso pesa para os
não-cristãos. Imagine um muçulmano ler os Salmos e deparar-se com a
quantidade de vezes que aparece a palavra Israel, e o termo "povo de
Israel"!
É assunto para os estudiosos amenizarem.
Acrescentado em
18/12/2014