O que dizem
que sou
Fonte:
Neo
Interativa
Há muito tempo, eu
empinava pipa, jogava bolinha de gude, andava de
bicicleta, jogava bola no campinho, brincava de
cabra cega, pega-pega e trepava em árvores para
comer goiaba, manga e jabuticaba.
Diziam que eu
era criança.
Algum tempo
depois, eu passei a sair de casa muito cedo,
trabalhava duro o dia todo.
Ambicionava o
maior cargo, queria a melhor casa, o melhor
carro.
Era muito exigente
comigo e, principalmente, com os outros no meu
trabalho.
Freqüentemente, a
responsabilidade profissional pedia que eu
ficasse até muito mais tarde no trabalho.
Em muitas
oportunidades não tinha final de semana.
Os negócios eram
muito importantes e não podia admitir a falta de
comprometimento.
Diziam que eu
era um adulto maduro, responsável e de
sucesso.
Pouco tempo
depois, comecei a sentir dores aqui e acolá, em
meu corpo.
Sensações de mal
estar me visitavam com frequência.
A taquicardia
rondava meu coração.
A hipertensão se
fez presente e a depressão me assombrava.
Com alguma demora
depois, fui ao médico.
Ele me disse que
eu era um doente.
Disse ainda que eu
poderia deixar de estar doente.
Com certa
estranheza, respondi a uma pergunta do médico
que, a princípio, soou-me um tanto quanto
descabida:
Quais eram as
minhas melhores lembranças? Pois ali estava o
remédio para a minha doença.
Respondi com certa
hesitação e desconfiança: A época em que
empinava pipa, jogava bolinha de gude, andava de
bicicleta, jogava bola no campinho, brincava de
cabra cega, pega-pega e trepava em árvores para
comer goiaba, manga e jabuticaba.
Hoje continuo
trabalhando sem dores e mal estar.
Pois trabalho
apenas o necessário e nos outros momentos, junto
com meus filhos, eu empino pipa, jogo bola de
gude, ando de bicicleta, jogo bola no campinho,
brinco de cabra cega, pega-pega e trepo em
arvores para comer goiaba, manga e jabuticaba.
Dizem que
pareço criança.
Que bom!
Postado em
28/08/2013
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