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Avenida Doutor Damião, nº 62 - América

É vergonhoso sentir vergonha?

O que é vergonha?

É sentir-se culpado, por algo que se fez, mas que outros ainda nem tenham tomado conhecimento? / É ter praticado algo em contrário ao que sua religião ensina? / É conduzir-se de forma que integrantes de seu partido político não apoiariam, ou que os eleitores não aprovariam? / É andar na contra-mão das leis vigentes e, perante o juiz, ser condenado por atos praticados? / É promover ações que a sociedade abomina, pois no código de ética não seriam aprovadas? / É ter cometido um deslize, em família, pelo qual se arrependeu, pois do fundo do coração este deslize não fazia parte da educação recebida?

Trapacear com, ou contra, um amigo, um vizinho, um parente, um colega de trabalho, um superior, o empregador, ou outro tomador de serviço, entregando-lhe um serviço mal-feito, sem qualidade, sem responsabilidade e, enquanto não for descoberto, sentir a consciência pesar, é uma forma de sentir vergonha do profissional que se quer que os outros pensem que se é. Daí, para a redenção, para a remissão, o caminho pode ser espinhoso. Precisa ter coragem de dizer ao outro que houve um erro e que esse queremos reparar. Coragem!

Ser detentor de cargo público, por eleição ou por convite de alguém que já esteja no poder, é motivo de responsabilidade. Conduzir-se de forma que não seja o esperado pelo superior, ou pela comunidade, permitindo que “o poder suba à cabeça”, ou aceitar suborno para solucionar situações de pessoas mais chegadas, que lhe ofereçam algum dinheiro, ou algum bem em contrapartida, se descoberto, será motivo de repulsa, de discriminação, de nojo, de desprezo, de denúncia, de condenação, de prisão e até de ostracismo.

Ter o privilégio, a incumbência, de ter de realizar algo, nem sempre será motivo de alegria, mas de tristeza, de vergonha. Os cristãos aceitam que Deus, no plano que traçou para salvar a humanidade, prometeu um salvador, um redentor, o qual, para os que aceitarem sua mensagem e se conduzirem nos conformes de seus mandamentos, lhes perdoaria as culpas pelos erros praticados, mas para chegar até esse Salvador, muitos e muitos anos se passaram, muitos e muitos tiveram que morrer para dar lugar ao ‘povo eleito’ por Deus, do qual deveria nascer esse “salvador”. Muitas pessoas, muitos governantes foram peças essenciais, foram atores-chave para a realização desse plano. Judas, um dos escolhidos para seguir a Jesus, recebeu a incumbência de praticar um ato condenável perante os demais discípulos, como também condenável pelos seus seguidores mas, biblicamente isso esteve definido como parte do plano de Deus. Judas teve vergonha do seu ato; não teve perdão; foi condenado pelos outros 11 discípulos; é condenado pelos religiosos de hoje em dia; talvez seja condenado por você também?! Esquecem-se muitos e muitos que o perdão a Judas não reverteria a prisão de Jesus.

Assim, quando alguém, entre nós, comete um ato para o qual foi compelido, contrariando sua razão, seu estilo de vida, sua formação religiosa e isso vem a ser revelado, sente vergonha.
Se buscar o perdão e continuar com vida decente, do erro poderá ser redimido. Depende do amor, da clarividência, da honestidade de quem se sente no direito de julgar, para que volte a viver em paz.

Edvino Borkenhagen

Coluna Mensageiro – Registro 0123526, 18/08/2003, Títulos e Documentos
ANO XX, Mensagem 1.028

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