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És tu uma pessoa ilustre?

Podemos ser um ilustre ‘partinte’, como podemos ser um ilustre ‘ficante’, segundo a historinha que é atribuída a Rui Barbosa.
Contam que partia ele de trem, saindo de uma localidade que ele visitara, e que, na saída do trem, ele se dirigira ao último vagão, abrira a porta e ficara na pequena plataforma.
Ali ouvira ele a voz do prefeito da localidade saudá-lo em despedida: “Adeeeeeus, iluuustre partiiinnnteeee!”.
Ao que Rui Barbosa então respondera: “Adeeeuss iluuustree ficaanteeesss!
E o povo se alegrara com a saudação.

Se hoje fôssemos ouvir saudações assim proferidas, logo teríamos em mente que, pelo menos a resposta, teria sentido pejorativo.

Assim é a vida!
Tu nasces; cresces; te colocam numa boa escola; estudas bem; tiras boas notas; tens bons colegas; tens boa formação; vives tua juventude em ambiente sadío, com brincadeiras que não visam ofender o próximo; casas; formas família; teus filhos, igualmente são colocados em boa escola, onde os professores são respeitados e se dão respeito, buscando ensinar o que venha a tornar os alunos pessoas dignas; e a vida segue.

Um dia tens a oportunidade de alcançar uma graduação, uma pós-graduação; passas a exercer uma atividade profissional, a princípio não muito rentável, pois não te conhecem profissionalmente; cresces no conhecimento, na confiança junto a teus clientes; te envolves com entidades sem fins econômicos, como: associação de pais, associação de moradores, clube de serviço, entidades beneficentes ou filantrópicas, a ponto de tirares um bom tempo de tua atividade profissional, para te dedicares em favor da comunidade, sempre porque tens um ideal: fazer o bem, sem perguntar a quem; tiras recursos da tua atividade laboral, profissional, econômica, da tua renda familiar, e investes em uma dessas entidades com a qual te envolveste, e a qual não tem receita própria ou não alcança suplementação governamental adequada, para o bem que ela gera às pessoas da comunidade.
Tudo corre bem, se a equipe daquela entidade atua bem, mas se um fato, externo interfere, e a entidade não consegue superar, poderás ser tido como um aproveitador que quis se projetar através da entidade.
Haverá quem diga, quem escreva, quem publique algo difamatório contra ti, sem que tenhas feito algo errado.
As autoridades constituídas, os gurus da imprensa, não movem um dedo em teu favor; adoeces, e és tido como um “Coitado!”.

Dificilmente alguém que leia este artigo não lembre de uma pessoa que já partiu e que não recebeu o devido reconhecimento “em vida”, pela dedicação que teve em favor da comunidade ou pela vida de doação que sempre demonstrou.
Quando falece uma pessoa “ilustre”, a exemplo do “paizão” Narciso Valiati, então ela passa a ser conhecida de muitos que não conviveram com ela nos “tempos áureos” de garra, de lucidez, de dedicação, pois algum profissional da imprensa, consciente, faz um resgate com relação à nobreza da pessoa que já partiu.
A quem isso pode alegrar? Aos familiares do “de cujus”, pois ele não mais pode ver nem ouvir o reconhecimento.
Daí aparece alguém, investido de cargo público, ou mesmo alguém da comunidade, que pretenda homenagear o morto, com a dedicação do nome em uma praça, uma creche, uma via pública ou, até quem sabe em um edifício. Que lindo, mas que pena que as homenagens, em geral, são póstumas!

Edvino Borkenhagen

Coluna Mensageiro – Registro 0123526, 18/08/2003 – Títulos e Documentos
Publicada em 29/03/2019 no jornal Gazeta Diário – Ano XXI – Mensagem 1.079

BORKENHAGEN 35 ANOS  DANDO DESTAQUE A PESSOAS ILUSTRES!

 

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