Coluna Mensageiro
– Como nos comportaríamos se víssemos uma menina bem trajada, bem penteada, parada sozinha numa esquina?
E se no dia seguinte, na mesma esquina encontrássemos uma menina com roupa esfarrapada e cabelos desarrumados?
Ontem, pessoas sorriam para ela, acariciavam seus cabelos, perguntavam se esperava alguém; hoje dificilmente alguém parou para olhar para ela, acariciar seus cabelos, ou perguntar se esperava alguém.
É mais fácil levar para casa um cachorrinho abandonado, do que perguntar a uma criança sozinha na rua se ela está bem, se está com fome e como a podemos ajudar.
Somos capazes de chorar ao ver um vídeo que mostra crianças sofrendo, mas depois lá na rua, somos incapazes de sentir comoção por uma criança sozinha na calçada.
Com as imagens não precisamos nos comprometer, mas com a criança seria necessário olhar para ela e sentir sua dor.
Circula, na Internet, uma historinha que ilustra o amor, a empatia, mais ou menos assim:
Uma mulher mal vestida entrou em uma loja de luxo.
A vendedora a olhou dos pés à cabeça, sem piedade.
Chegou perto dela e perguntou se precisava de ajuda.
A idosa sorriu e disse: “Sim, preciso de um vestido.”
A vendedora pensou em como a mulher pudesse ter decidido entrar naquele tipo de loja, mas a mulher continuou: “A minha única neta vai se casar, e eu preciso de um vestido elegante.
Eu queria que ela ficasse orgulhosa de mim. Que vestido deveria comprar?”.
“A senhora quer que eu peça para a nossa especialista em casamentos lhe atender?”, respondeu a vendedora.
A mulher disse sim, e seguiu a vendedora a uma sala cheia de vestidos elegantes.
“Por que você a trouxe aqui?” perguntou a consultora para a vendedora.
“Ela precisa de um vestido para um casamento”, respondeu a vendedora escondendo um riso.
A consultora, com um olhar arrogante, pediu para a senhora sentar-se numa cadeira ao lado.
“Primeiro, preciso saber quanto você pode gastar”, disse a consultora.
“Estou economizando desde que a minha neta anunciou a data do casamento. Aqui deve ter uns 300 reais. Pode contar.”
A consultora contou o dinheiro.
“São 305 reais. Se quiser pode ir até nossa outra loja que vende vestidos mais baratos. Ali a senhora pode encontrar vestidos de 200 reais.”
“Eu já fui lá, mas me disseram pra vir aqui, dizendo que você poderia me ajudar.”
Naquele momento a senhora viu um vestido azul e foi até ele, e antes que a consultora se desse conta, já estava à frente do espelho com ele na mão.
“Eu gosto desse. É muito bonito!”
A consultora sentiu, na hora, um misto de frustração, simpatia e raiva.
Como poderia dizer para aquela pobre mulher que aquele vestido era de 1.200 reais? Os sapatos, mais 200 reais?!
Uma jovem, vestida elegantemente, viu e ouviu tudo.
Sua família era privilegiada e lhe franqueou que gastasse o quanto quisesse para o próprio casamento.
Ela chamou a consultora pro lado, e disse: “Dê a ela o vestido e o sapato que quiser, e que fique melhor nela.
Coloque o valor na minha conta e diga para ela que é um presente.”
“Mas por quê (disse a consultora) você nem a conhece!”
“Será o meu presente de casamento feito para mim mesma. Não conheci as minhas avós e, enquanto eu caminhar até o altar pensarei nela e farei de conta que é a minha avó!”.
Talvez seja difícil se nos perguntassem se há pureza em nosso pensar, em nosso agir, não é?!
Edvino Borkenhagen
Coluna Mensageiro – Registro 0123526, 18/08/2003 – Títulos e Documentos
Publicada em 23/08/2019 no jornal Gazeta Diário – Ano XXII – Mensagem 1.100
BORKENHAGEN – 36 ANOS RESPEITANDO A EMPATIA E A BONDADE!
2 respostas
Lindo texto!
A beleza da bondade humana não é para todos!
Só para os que realmente tem um coração amoroso!
Agradecimentos à Sra.Diana Maria pelo sincero comentário trazido para essa reflexão na coluna Mensageiro!
Pode acreditar que não foi assim tão fácil reescrever a historinha!
Teve que ser adaptada para o espaço no jornal.
Usamos linguajar que ajudasse alavancar a pureza no pensar e no agir, de quem vier a ler a Coluna