Antes que você duvide, tenha em conta que:
– todas as religiões pregam o bem,
– apontam para uma divindade,
– ensinam o respeito e o amor ao próximo,
– não ensinam roubar,
– não incentivam tirar a vida de outrem,
– mas ensinam que se deve servir ao deus que é anunciado.
Podem não apontar para o mesmo deus e não ensinar as mesmas práticas. Complicou?
A Bíblia, tida pelos cristãos como o manual mais completo, de vida,
– pode não assegurar vida de paz com o próximo;
– pode não trazer orientações de como progredir na profissão escolhida;
– pode não ensinar como evitar desastre nos negócios;
– pode não assegurar como não nos envolvermos num acidente de trânsito; e por aí vai, mas
– ela mostra descaradamente que Deus criou 1 homem e 1 mulher e, a partir dali todos seriam descendentes do mesmo pai e da mesma mãe.
Mostra também que esse Deus, ensinado na Bíblia, teria determinado ao casal, que lhe fosse submisso nas ordens dadas, e que não fizesse o que foi advertido para não fazer: comer da fruta de determinada árvore. Até os não-cristãos, não-muçulmanos ou não-judeus, todos que se dizem da linhagem de Abrahão, concordam com isso.
O que aconteceu, também é aceito por gente de outras religiões: o casal original foi condenado, sem perdão. As histórias bíblicas mostram que foram anos e anos, quedas e quedas, afastamentos e afastamentos de Deus, reconciliações e reconciliações com Deus, até que enfim veio o prometido Salvador: Jesus.
O que aconteceu quando Jesus foi anunciado? Um restrito grupo de seguidores ficou sabendo.
O que aconteceu quando João, o Batista, admoestou uma autoridade devido a erros cometidos? Foi decapitado.
O que aconteceu quando Jesus peregrinou por diversos lugares ensinando o caminho para a vida eterna? Os maiorais se enfureceram porque viam que perderiam autoridade, e as autoridades romanas, igualmente, viam nele um concorrente.
Por quê?
Porque o discurso, de Jesus, geralmente era de forma figurada, por parábolas, o que muita gente não entendia. Ainda hoje muita gente não consegue entender.
É muito fácil dizer que se deve aceitar pela fé, mas se alguém se diz seguro no que crê, de acordo com o que é ensinado em sua igreja, aparece outro, de outra denominação religiosa, e diz que ele interpreta de forma errada. Mas e daí, onde fica a fé?
Se as religiões, no decorrer do tempo, estabeleceram leis e tradições para diminuir a ira dos deuses, podemos relembrar que antes de Jesus entrar em cena, o povo tinha que sacrificar animais para o mesmo Deus que ainda hoje é adorado pelos da linhagem de Abrahão, num simbolismo de submissão. Em qualquer religião há, e haverá, ensinamentos de que o seguidor não é capaz de cumprir à risca tudo o que é determinado. Determinado por Deus ou pelos líderes religiosos? Querem pregar um deus de amor, mas mostram mais um deus-juiz: Ai de vós, se fizerdes isso; ai de vós, se fizerdes aquilo! Na ânsia de conquistar um rebanho maior para o seu aprisco, ofendem quem pratique uma fé divergente da sua.
Se os líderes religiosos se ocupassem mais em mostrar o amor de Deus, o quanto importa se sentir amado por Deus, e orientar quanto ao amor ao próximo,
– teríamos sociedades mais tolerantes,
– teríamos menos mortes,
– teríamos menos brutalidade,
– teríamos mais amor e respeito à vida do semelhante e à vida de cada qual.
Edvino Borkenhagen
Coluna Mensageiro – Registro 0123526, 18/08/2003 – Títulos e Documentos
Publicada em 25/01/2019 no jornal Gazeta Diário – Ano XXI – Mensagem 1.070
BORKENHAGEN – 35 ANOS DEFENDENDO A TOLERÂNCIA E O BOM SENSO!
Uma resposta
Depois de preparar o artigo para o jornal e já tê-lo enviado, percebi que houve um evento, dia 21, liderado pela Municipalidade, através de secretarias, com vistas à tolerância religiosa, do qual participaram representantes, fieis e simpatizantes de algumas crenças.
Bem interessante, e curiosa, a iniciativa, como se assuntos de fé fossem assuntos de governo.
Manter a ordem, sim, é assunto de governo!
Em geral, quando alguém toma a iniciativa de propor comportamentos, o exemplo deve partir do(s) protagonista(s), pois o bom exemplo cativa multidões.
A diversidade de etnias, culturas e crenças que temos em Foz do Iguaçu, nos permite sermos um laboratório, pró boa convivência, para o mundo.
É só observar: "A liberdade de um termina onde começa a liberdade do outro!" Posso não gostar da manifestação de alguém ou de um grupo, mas nem por isso tenho direito de ofendê-lo(s). E, a recíproca também é verdadeira.
A passagem de Efésios 6.4, cabe acertadamente para o assunto: E vós, pais, não provoqueis a ira dos vossos filhos, mas educai-os de acordo com a disciplina e o conselho do Senhor.
Então: "Fieis dessa ou daquela crença praticai o que vos é ensinado, mas não provoqueis os cidadãos de outra crença!"
Reforçando: Se os líderes religiosos não incitarem os seus fieis à ira, contra outras doutrinas, a tolerância religiosa não será tema de preocupação, e muito menos de ocupação de representantes do governo!
Semeemos a paz!